Nada
agrada mais a Deus do que a gratidão. E é tambem uma alegria muito
grande para qualquer pessoa, receber uma sincera demonstração de
gratidão da pessoa a quem ajudou. Não há quem não se sinta muito bem,
feliz mesmo, quando constata que a sua ajuda foi devidamente reconhecida
pela pessoa que a recebeu.
É
triste, no entanto, saber que muitos pensam que a gratidão é uma
variante da subserviência; que ser grato é ser pequeno, humilde,
inferior, Muitos acham que a pessoa que tem personalidade, tem de ser
firme, ter voz marcante, ser determinada e não aceitar críticas,
reprimendas nem ordens. E nem tampouco deve "curvar-se" numa atitude
de agradecimento. Agradecer´´é como se declarar inferior, é como
confessar que precisou de outrem. Dizem até que quem não precisa de
nada e não depende de ningúem, não pode ser grato, pois, gratidão é
sinônimo de fraqueza, de carência, de dependência.
Será?
Partindo dessa premissa, devemos ser ingratos, firmes, indiferentes,
frios, impiedosos, para não ser fraco ou não demonstrar fraqueza? Voce
concorda com isso? Quando não carecemos de nada, quando temos tudo e
estamos convictos de que sempre teremos tudo pelo poder que possuímos,
é impossível ser gratos? Cremos que não. A gratidão é um sentimento
que nasce quando, desde os primeiros anos da nossa existência, somos
educados com amor e compreensão, num ambiente de paz e harmonia. É
nesta fase inicial de nossas vidas que aprendemos a respeitar o
próximo e a reconhecer nossas limitações e carências, como também, é
nesta fase que adquirimos a certeza de que existem pessoas melhores e
piores do que nós.
E
o homem que é grato, que tem gratidão pelos que lhe ajudaram, que
reconhece a bondade de outra pessoa para com ele, é bem visto e
ajudado por Deus e pelos homens.Nos seus momentos de fraqueza ou
carência, sabe que pode contar com amigos, parentes e com Deus. Sabe
que receber um favor merecido ou imerecido não é um ato de submissão, de
suvserviência ou de inferioridade. Os que pensam assim são exatamente
os ingratos, os que querem se impor, por se acharem superiores, acima
do bem e do mal. Estes se acham dignos de toda benevolência,
reconhecimento e compreensão.
Isso é egoísmo, que é o mais adequado sinônimo de ingratidão.
Estes
sim são carentes. Carentes de amor, carentes de paz, carentes de
sabedoria, carentes de digidade e de muitas outras qualidades que quase
sempre se mainfestam nos humildes de coração e não nos de coração
duro, de pedra. A ingratidão é falta de bom senso, de visão, de
sabedoria e de humildade. O ingrato não vê o que os outros vêem e nem
sentem o que os outros sentem, não por que não querem ou não desejam,
mas, por incapacidade, por fraqueza moral e ausência de amor. Há, na
cabeça do ingrato, um vazio de amor ao próximo, que se manifesta não
eventualmente, mas, permanentemente. Algo assim como um vício doentio,
semelhante ao vício de um toxicômano. Ele, o ingrato, é incapaz de se
submeter à sua consciência - que, por incrível que pareça, ele também
tem -, para se superar e ser flexível, e viver num estado mental ou de
vida nenos prejudicial a ele mesmo e aos que o cercam.
O egoísmo é um modo de vida sempre presente no procedimento das
pessoas ingratas. Preocupam-se permanentemente consigo mesmas, pouco
se importando com o sofrimento dos seus semelhantes. Vivem num mundo
particular, no qual reinam intensamente seus interesses pessoais. Às
vezes, são até simpáticos e têm facilidade de fazer amizades, mas, não
se libertam jamais de seus interesses pessoais, que colocam acima de
tudo e de todos. A ingratidão, que tem raízes na educação familiar sem o
cultivo de valores morais, provoca ressentimentos fortes nas suas
vítimas, difíceis de serem esquecidos ou perdoados.
E
como se tudo isso não bastasse, o ingrato é sempre uma pessoa de má
índole que sempre vê somente o lado negativo das coisas e das pessoas,
e não enxerga valores nos seus semelhantes, mesmo naqueles que o
ajudaram. Suas atitudes e pensamentos nos fazem referirmo-nos a ele,
neste mundo tão egocêntrico e pouco fraterno de hoje, com aquela
expressão popular por todos nós conhecida:"Ele pensa que é o rei da
cocada preta".
Resumindo,
o ingrato é um infeliz, um egoísta, vaidoso e prepotente, pleno de
ideias erradas, e extremamente carente. Só ele não percebe que precisa
de algo mais na sua vida, que não é dinheiro, poder ou fama. É algo
que ele não identifica, não percebe, envolvido que está por sua
vaidade e complexo de superioridade. Até que um dia, quem sabe, sem
saber como nem por que, algo diferente lhe fala ao coração e ele
descobre que Deus existe, que Deus liberta, salva e cura, mesmo
aqueles que sempre o ignoraram.
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