"MAS EU GOSTO DEMAIS DA MINHA LOUCURA PARA NÃO FICAR APAVORADO ANTE A IDÉIA DE ALGUÉM QUERER CURAR-ME, CONTRA MINHA VONTADE" Janusz Korczak
Mostrando postagens com marcador Hacs. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Hacs. Mostrar todas as postagens
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
Querida, os dias são assim
Não sei explicar, mas é cada vez mais difícil me "vestir" como uma pessoa normal. Assumir o que a sociedade espera e cobra. É um conflito enorme, não me sinto"comum". Comum, não passa de uma interpretação, às vezes convincente, outras não. Sendo assim, travo uma batalha cansativa e, não quero mais muletas. Silencio. Descobri através de mim que a timidez e o medo são parentes. Perdi muito, ganhei demais. Vivo saudades. O Santa Teresa, foi bem mais que uma escola. A universidade de psicologia também. Mas meus melhores professores foram meus colegas. Aprendi por observação. Nutro até hoje de detalhes daqueles que me marcaram. Não sei quantificar o número de amigos, talvez não passem de dois. Pode até ser mais, pode ser menos. Isso não faz muita diferença, visto que amizade é coisa séria. Tenho um hábito considerado estranho, mas me sinto tão bem ao ser abraçado, que chego a pedir. Tudo é extremamente intenso em mim. Deus é um companheiro admirável. Através da minha pequena fé é que driblo a tristeza e "visto" a roupa do homem comum a enfrentar semáforos. Vou pra vida e volto pra fantasia, lugar onde sou mais pleno, mais realizado, feliz. Esqueço o bem que faço, isso sim, é comum, obrigatório, nada demais pra mim. Não esqueço o bem que fazem pra mim, por mim. Sou, serei eternamente grato. Numa hora de dor muito grande, latejante, um abraço surpreendente me acalma a alma, me aquieta o espírito. Isso é inesquecível. Por isso, minha gratidão eterna. Vou continuar assim, tentando me melhorar a cada dia. Se tantas vezes calei, sofri sozinho. E quando falo com meu próximo, tento passar algo bom pra que de alguma maneira suas dores cessem um pouco, nem que seja por um momento apenas. Se tem coisa difícil de lidar, é a dor do próximo. Não cabe aqui o tanto que eu gostaria de falar, mas tenho que obedecer ao freio do meu viver, que se por uma parte não me deixa ir mais adiante, por outro lado evita acidentes.
A casa que sonhei nunca ficou pronta
Na juventude, minha mãe era infeliz e não sabia, pois todas as suas forças eram convocadas para esquecer isso. Cantava Dalva, para desgosto de meu pai, e ria com medo se bem que ninguém era feliz naquela época. Não havia essa infelicidade esquizofrênica de hoje, mas era uma infelicidade tristinha, com lâmpada fraca, uma infelicidade de novela de rádio, de lágrimas furtivas, de incomprensões, de conceitos pobres para a liberdade. eu via as famílias; sempre havia uma ponta de silêncio, olhos sem luz, depois dos casamentos esperançosos com burguês arrojado para o futuro que ia morrendo aos poucos. Não era tristeza da pobreza, dava para viver com uma empregadinha mal paga, dava, mas era uma tristeza obrigatória, quase uma "virtude" que as famílias cultivavam, sem horizontes. Hoje vivemos essa liberdade desagregadora, com a esperança de paz da classe média destruída, vivemos o medo das ruas, das balas perdidas. Antes, minha mãe tinha a ilusão de uma "normalidade". Hoje, todos nos sentimos sem pai nem mãe, perdidos no espaço virtual, dos emails, dos contatos breves, da vida rasa sem calma. Na verdade, tenho vontade de telefonar, mas é para saber quem sou eu. E quando disserem "Quem fala", pensarei: "É o que me pergunto..." Mas sei que vou desligar dizendo: "Desculpe, é engano..." hacs
Assinar:
Postagens (Atom)