quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Carta aos Homens da Lei (Sr. Delegado)

Em um podcast recentemente ouvido por mim, Henrique Augusto Carvalho Soares, Tio do meu Amado, Brunno Eduardo Matos Soares, vitimado covardemente por marginais portadores de espíritos primitivos, pude ouvir um relato emocionado de um Delegado do Estado da Bahia, que em meio às lágrimas, relatava não mais suportar tanto empenho em cumprir o papel a que se dispunha, prender marginais, para no outro dia a Justiça os libertar. Talvez, eu nunca tenha me expressado tão diretamente sobre tal assunto. Abordagem que passa bem longe dos meus anseios que norteiam minha vida. Pra falar do que entendo por justiça, tenho convicção de que estou preparado. Quanto a discutir Código Penal, peço licença e me retiro. Porém, quando os males que assombram nossa sociedade bate em nossa porta e nos fere a alma, não podemos nos furtar da obrigação de denunciar. Tenho medo, como qualquer um, mas gosto de intitula-los como fobias, a citar: Engarrafamentos, altura, Lugares fechados entre outros. Mas não temo em pronunciar-me quando o assunto é dizer a verdade na qual acredito. E, sou raro. Com todas as letras, sou RARO, pois grande parte da humanidade não acredita mais em N A D A. Posso falar horas, sobre ética, respeito, direitos, deveres e amor ao próximo. Fui e ainda sou um excelente aluno dos meus pais que me ensinaram e continuam a serem meus exemplos de tudo isso. Não devo negar que depois do ocorrido com meu sobrinho, estamos todos vigilantes, juntando cada moeda para investir em nossa segurança domiciliar. E não é por paranoia. Foram fatos. Pois com uma semana do falecimento do Brunno, o pai dele, meu irmão, Rubem Soares, teve a fachada e os portões de sua residência alvejada por tiros acidentais desferidos pela Polícia à caça de assaltantes. Então Senhores, eu cuspo no Código Penal Brasileiro. As ações que quase todo Advogado persegue pra pegar são aquelas despropositais, sem nexo, sem sentido... Vazias.
Aliás, quando se trata de grana, o Nelson Rodrigues já a citava com muita sapiência, e dizia: "Dinheiro compra até amor verdadeiro". A pergunta que eu faria àquilo a que estou me referindo, não cabe aqui. Mas se eu tivesse minha casa invadida e com uma arma na boca fosse obrigado a fazê-la, perguntaria: Que valor financeiro ou qual justiça é capaz de reparar a dor de um pai diante de um quarto vazio? - Quanto vale o abalo emocional daquele dia, quanto vale a dor da alma, qual o preço do ferimento no espírito que não cicatriza? Quase todo pai diz: " Por um filho eu dou minha vida". Na nossa família, nós damos a vida uns pelos outros e, eu estou nessa. Por todo dinheiro do mundo eu não queria estar no lugar do meu irmão, mas sofro demais com tudo isso. Mas ele sabe o quanto eu o amo. Isso basta. E ninguém, ninguém mesmo vai mais tripudiar ou soltar os seus demônios, sem que esses sejam abatidos pelas forças que nos regem e nos alerta para que saiamos vencedores. Quase todos possuem limites, mas infelizmente chegamos ao copo cheio e mais uma facada, pode ser a gota d'água. Como esta carta é aberta, é pública, receba meus respeitos. Meus deveres, meus direitos

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