domingo, 8 de janeiro de 2012

08 de janeiro de 2017 (republicação )

Pai, hoje é seu aniversário. Penso que tinha muitas coisas pra lhe dizer, mas cometi o pecado de ouvir algumas canções do Chico Buarque e, acabei me deixando levar inquietamente à mágica do fascínio e fantasia, As trocas de correspondências entre Chico e Vinícius, o bilhete da Zuzu Angel, as cartas do Tom... Tudo isso mexe muito comigo. Nessas horas, meu Pai, te vejo entre eles... Como naquele dia de outubro de 1984 na Adega do Césare em Copacabana, que talvez você nem lembre, mas, eu senti um orgulho da porra em ser teu filho. Você é assim: Grande sem precisar querer e Gigante por só ser. Segue uma letra que coloco sem propósito específico, mas um agradecimento a Deus por todas essas coisas.  



Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir

Deus lhe pague

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