segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Paradigmas da Globalização.

Meu amigo Paulo Ricardo, talvez o texto que me pediste para escrever seja por demais complexo. Digo complexo pelo fato de que não consegui separar as coisas que me parecem formais ou que obedecem uma "Nova Ordem". Acato-a, pois pareço fazer parte dela, mas não amadureci suficientemente para saber como separar números, razões e emoções. Talvez sejamos da globalização. Sejamos heróis então. Segue um texto que aborda o assunto, e que acredito elucidar um pouco o que até hoje quase nada sei. Um abração.


Passados alguns anos da entrada do Brasil na era da globalização, podemos constatar a mudança de paradigmas econômicos, políticos e sociais.

O objetivo do desenvolvimento econômico é o aumento contínuo do bem-estar do povo, proporcionado a satisfação de necessidades básicas e minimizando desigualdades de acesso a bens e serviços.

A globalização prometia abertura de mercado e igualdade de oportunidades para todos. Isto significaria que todos os indivíduos fariam ou poderiam fazer parte de um mesmo mundo, de uma mesma realidade. A democracia pressupõe uma sociedade livre, com igualdade de direitos e deveres ou, no mínimo, sem grandes desigualdades entre os cidadãos. A globalização estaria permitindo as mesmas oportunidades para todos? Ou estaria privilegiando pequenos grupos? Em um rápido balanço de final de século, que conclusões podemos elencar?



ALGUNS RESULTADOS DO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou um relatório sobre o desenvolvimento humano no qual revela um quadro bastante negativo no período de 1990 a 1995, período este que podemos relacionar com os primeiros resultados do processo de globalização. Segundo este relatório, o nível de pobreza aumentou no mundo. Antes concentrava-se na América Latina, no sul da Ásia e na África. Hoje, sabemos que os países da Europa Oriental e os da antiga União Soviética engrossam a lista dos excluídos. Até os países ricos viram o índice de pobreza subir de forma alarmante. O desemprego alcançou níveis iguais aos dos anos 30, e a desigualdade de renda cresceu ainda mais.

O mercado tornou-se mais agressivo com a globalização da economia. O capital estrangeiro entrou no Brasil. O monopólio agoniza. O governo brasileiro lança uma política de privatização.

Para Forrester, as privatizações, sob a alegação de reduzir o tamanho dos Estados, desejam mesmo é poupá-los de realizar cortes de pessoal. Segundo ela, a globalização e a informatização significam a privatização do máximo de empresas estatais que for possível, seu enxugamento e o enfraquecimento dos trabalhadores pelo terror do desemprego.

As empresas brasileiras, para se tornarem competitivas e sobreviver nesta economia globalizada, tiveram de introduzir modificações em suas estratégias de competição e crescimento. Muitas desapareceram, ou estão fechando suas portas. O desemprego aumenta a cada dia.



NOVO PARADIGMA TECNOLÓGICO

O novo paradigma tecnológico trouxe novas exigências quanto aos atributos dos trabalhadores e requer maior preparo e educação permanentes para o desempenho de funções que estão em constante mudança. Este novo paradigma, surgido a partir do emprego de novas técnicas organizacionais e da automação, é uma característica dos dias atuais. Sem dúvida, este novo modelo está associado à aceleração da evolução e mudança dos métodos de trabalho, pressionados pela necessidade de novos produtos e de se imprimir qualidade até mesmo como requisito de sobrevivência.

O Brasil saiu de duas décadas perdidas em termos de sua inserção no mercado global. O ano de 1990 foi o marco definitivo da política de substituição de importações, que deu lugar à política de competitividade industrial.

Mais e mais empresas estão descobrindo o valor da informação para seus negócios. Estão buscando e aprendendo a utilizar informações sobre o ambiente interno e externo, sobre ameaças e oportunidades. Estão, enfim, preocupadas em ter o maior conhecimento possível sobre dados e fatos do seu contexto empresarial.

Em um modelo econômico globalizado, cresce a exigência para que as empresas cumpram requisitos técnicos e tecnológicos em relação à qualidade de seus serviços e produtos, à preservação do meio ambiente e à segurança no trabalho.

O atual processo requer o uso adequado da informação como insumo para a tomada de decisões e a utilização de modernas tecnologias de informação para permitir o acesso mais rápido, no sentido de possibilitar que os dados sejam empregados no momento oportuno.

No entanto, a informação está disponível para todos os que dela necessitam? Temos como afirmar que todos podem fazer parte da sociedade da informação?

Masuda diz que na sociedade da informação predominará o direito de uso, e não o direito de propriedade e que o princípio da sinergia, ao invés do princípio da competição, será o princípio básico da sociedade. Para ele, os indivíduos terão um objetivo social comum.

Drahos, ao contrário de Masuda, preconiza que a sociedade da informação pode se transformar em um espaço mais desigual do que nós poderíamos esperar e que corre o risco de se fechar em feudos, onde prevalecerão os interesses dos mais ricos (que ele denomina de barões da mídia), ávidos em obter grandes lucros, impondo o prejuízo aos mais pobres.

A Internet permite a disponibilização de dados e informações a qualquer momento e por qualquer pessoa ou instituição. Este fato ocasiona um mundo de informações colocadas de forma desorganizada e conseqüentemente de difícil recuperação. Possibilita ainda que grupos possam juntar-se e criar sites com informações organizadas, com valor agregado, estratégicas e disponíveis ...." a quem puder pagar por elas".

Existe ainda o direito de propriedade intelectual que garante ao autor cobrar taxa sobre a sua produção.

Então, o comércio da informação afeta duas área de regulação: as telecomunicações e a propriedade intelectual.

A capacidade de pagar pelas ligações e pelos serviços de informação varia muito entre os usuários, principalmente nos países em desenvolvimento. Pode surgir daí um problema social em potencial, como previsto na Teoria Weak Tie (Teoria dos Laços Fracos). Essa teoria diz que "está ficando cada vez mais fácil para aqueles que têm acesso à Internet buscar novas oportunidades, estendendo suas redes pessoais de maneira mais eficiente do que aqueles que não têm acesso. Se, como as evidências sugerem, os usuários já tendem a vir de famílias de renda mais alta, com educação universitária, pode se esperar que o abismo entre os níveis de renda continuará a aprofundar-se a uma taxa extremamente acelerada" (Civille, 1995).

Drahos alerta para o risco do estabelecimento rígido dos direitos de propriedade intelectual como limitador do direito de informação dos cidadãos. As companhias, por meio de leis, podem assegurar privilégios de monopólio de informações e criar barreiras financeiras para a população. Um quadro típico dos antigos feudos, onde o povo estava submisso aos senhores da terra sem qualquer proteção do Estado. Drahos faz esta comparação, porque julga que a globalização dos negócios internacionais, a privatização dos meios de comunicação e os direitos de propriedade intelectual estão nas mãos de grupos poderosos.

Isto é o que poderá acontecer, se não forem estabelecidas estratégias em defesa dos direitos dos usuários e em salvaguardas dos valores de grupos, instituições e até de regiões desfavorecidas, agora à mercê deste (suposto) feudalismo informacional (Miranda, 1996).

Segundo ainda Civille, indivíduos com laços fracos, carentes de acesso a uma rede mais ampla de relacionamentos como os fornecidos pela Internet, podem ser colocados em uma posição desvantajosa. O fator econômico impede-lhes o acesso, que só é possível mediante pagamento.

Atualmente, são comuns sistemas de cobrança eletrônicos automáticos que enviam a taxa cobrada aos vários proprietários, por cópias de um artigo capturado a partir de um banco de dados, por exemplo.

Vários estudiosos ditos pessimistas, Drahos, inclusive, visualizam a transformação da sociedade da informação em uma sociedade de pagamento pela comunicação.

Temos então duas visões diferentes sobre o futuro da sociedade da informação. Quem estaria com a razão? Masuda ou Drahos?

Em um processo de escolha, sob a ótica do ideal democrático, Masuda aproxima-se mais da opção que elege o compartilhamento de dados e informações sem barreiras. É claro que o grupo dos capitalistas não concordaria. Porém, infelizmente, Drahos parece o que mais traduz a realidade atual. A existência de infovias com "pedágio", neste final de século, está crescendo rapidamente, impedindo aos menos afortunados o acesso a informações das quais precisam.

Toro e Werneck são muito felizes ao afirmar que "a maioria dos problemas aparece quando alguém quer ser dono, manipular e exercer autoridade sobre os outros, quando esquecemos o conceito de cidadão e os princípios da democracia". E aí a solução não é medir força ou contrapor outra autoridade, mas ampliar o movimento, abrir mais, dar espaço para que os conflitos apareçam e sejam negociados.

Cabe a cada um de nós, em um exercício de cidadania, monitorar a evolução dos acontecimentos, e não permitir o bloqueio de informações ou a exploração pelos poderosos.

O acesso à informação poderia ser mais democratizado com o emprego de uma política de subsídios para a aquisição de equipamentos e conexão à Internet por parte de instituições como bibliotecas, escolas e centros comunitários, que facilitariam o uso do serviço da Internet àquelas pessoas que não podem pagar para ter acesso às informações que julgam importantes para o seu conhecimento.

A mudança de paradigmas deve ser continuamente acompanhada para que todos os indivíduos possam se posicionar e exercer seu poder de cidadania, de acordo com os princípios éticos e morais. Segundo Khun, quando mudam os paradigmas, muda com eles o próprio mundo. Ou seja, quando se é guiado por um novo paradigma, vêem-se coisas novas e diferentes olhando os mesmos pontos examinados anteriormente.

Não resta dúvida quanto à necessidade de aprimoramento contínuo dos conhecimentos do indivíduo, indiferentemente da função que ele esteja exercendo. O mundo exige profissionais cada vez mais qualificados e com habilidade de bem relacionarem-se com seus pares e ímpares. Somente os indivíduos bem preparados, que sabem transformar dados e informações em conhecimentos e com formação ética, terão condições de enfrentar os desafios e ameaças e aproveitar as oportunidades em benefício da sociedade.

Um comentário:

  1. Legal o artigo.

    procure saber o que é " Mondex"

    Agora não pense que os que detém o poder vão mudar sua postura ou que os homens de bem possam criar novos paradigmas.

    Existem hoje no mundo artefatos que destroem qualquer aparelho eletro-eletronico. Assim nao pensem eles que o poder da informacao é eterno.

    A guerra ideológica tem haver com a mente.

    "um dia é da caça e outro é do caçador. Eles que tenham medo,pois a maldade cria reação.

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