terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Os extremos (ANASTÁCIO)

Os extremos.

       Coisas que devem ser ditas porque não podem mais calar.
   Com muita segurança pode-se  denominar um dos " extremos " o início. É sempre bom e bonito é infantil, doce. Dois olhos pequeninos brincando e dançando com estrelas no seu céu e sorrindo com o tempo no aconchego do colo da mãe.
   Meus bisnetos mais recentemente, apresentar-se aqui, nessa etapa inicial da vida. Entre choro e beleza, nos vídeos, mais próximos e  constantes por serem repetitivos como um gostoso e irrecusável sabor me trazem alegria. Fazem-me bem, alegre, feliz e bem humorado tão quanto todos nós gostaríamos e deveríamos sempre
Ser
Trazem-me, pela ingênua inocência, lembrança " do que já se foi ". No entanto a presença benéfica  deles atenua a dor sofrida e sentida pela extemporânea AUSÊNCIA....

O outro extremo muito próximo de mim chama-se IZABEL, mãe de um pouco mais de 100 anos vividos. Muito tempo mas pouquíssimos para me impedir de sempre acompanhá-la. A alegria de sempre vê-la é, por contínuos instantes, atropelada, abafada por inesperada tristeza.
Uma tristeza de ver
naquele olhar o visível desalento. Sinto ali, como se uma pessoa que estivesse se afogando me pedisse socorro e eu, sequer saber nadar. Tal a tristeza de um filho, de um filho com uma solução colada e calada no peito:
Não sei
      Não posso
            Quero mas não sei como;
São queixas chorosas, lacrimejadas e contínuas de dor e inconformação e sobretudo da percepção da negativa de solução que só o tempo pode e sabe
dar e tirar.
Todo o zelo dos profissionais de saúde chegando ao limite da responsabilidade
Ah! a idade. Pode ou deve? Faz ou não faz?. Tudo ou nada infelizmente reduz a ansiedade dos que assistem a insistência do mal estar, a dor da inconformação de que aquilo " é da idade "...Fico mais triste e constrangido só em pensar em dize-lo. E acatar um não dá inconformação.
Nada mais posso fazer ou dizer.
A não ser, emudecido, encolhido como um filho diante da mãe combalida, pedindo para seu filho socorro. Como falar da nossa limitação sem fraquejar?
Só vendo aqueles olhos tristes implorando ajuda
sem a coragem de dizer " me ajuda, filho, não me deixa morrer ".
Chorar no seu colo, mãe, seria repetir e pedir o que a. " Senhora " sempre me deu, muito amor, muita paz e
aquele jeitinho de me ver feliz. Diante de tudo não esqueço de compartilhar com o Pai, minha aflição, confessar meu desconforto e pedir mais uma vez confirmação.Pedir sua compreensão pela fragilidade do meu humano que teve agasalho no útero que me sustentou e me deu força e coragem para entrar neste mundo, ter de dizer:
Dê-me mais Fé, PAI. Estamos limitados pelo tempo e recursos humanos. O  " extremo " sofre e também chora. Não brinca como a inocência dos justos pode brincar - olhos que brincam e dançam com as estrelas e sorriam com o tempo que mantém sorridentes os pequeninos é a mesma seiva que hoje pede triste socorro, mais vida para viver ou então a paz dos que tiveram a felicidade de adotarem um PAI, bondoso, generoso e sobretudo justíssimo
     Os extremos, somente dois vão se encontrar? Se os consentir, abraça-os...e para reforçar nossa gratidão  " Seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu "
       AMÉM.
       
   

Ju

como um bom e irrecusável sabor.

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