sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A INGRATIDÃO E A COCADA PRETA

Nada agrada mais a Deus do que a gratidão. E é tambem uma alegria muito grande para qualquer pessoa, receber uma sincera demonstração de gratidão da pessoa a quem ajudou. Não há quem não se sinta muito bem, feliz mesmo, quando constata que a sua ajuda foi devidamente reconhecida pela pessoa que a recebeu.
É triste, no entanto, saber que muitos pensam que a gratidão é uma variante da subserviência; que ser grato é ser pequeno, humilde, inferior, Muitos acham que a pessoa que tem personalidade, tem de ser firme, ter voz marcante, ser determinada e não aceitar críticas, reprimendas nem ordens. E nem tampouco deve "curvar-se" numa atitude de agradecimento. Agradecer´´é como se declarar inferior, é como confessar que precisou de outrem. Dizem até que quem não precisa de nada e não depende de ningúem, não pode ser grato, pois, gratidão é sinônimo de fraqueza, de carência, de dependência.
Será? Partindo dessa premissa, devemos ser ingratos, firmes, indiferentes, frios, impiedosos, para não ser fraco ou não demonstrar fraqueza? Voce concorda com isso? Quando não carecemos de nada, quando temos tudo e estamos convictos de que sempre teremos tudo pelo poder que possuímos, é impossível ser gratos? Cremos que não. A gratidão é um sentimento que nasce quando, desde os primeiros anos da nossa existência, somos educados com amor e compreensão, num ambiente de paz e harmonia. É nesta fase inicial de nossas vidas que aprendemos a respeitar o próximo e a reconhecer nossas limitações e carências, como também, é nesta fase que adquirimos a certeza de que existem pessoas melhores e piores do que nós.
E o homem que é grato, que tem gratidão pelos que lhe ajudaram, que reconhece a bondade de outra pessoa para com ele, é bem visto e ajudado por Deus e pelos homens.Nos seus momentos de fraqueza ou carência, sabe que pode contar com amigos, parentes e com Deus. Sabe que receber um favor merecido ou imerecido não é um ato de submissão, de suvserviência ou de inferioridade. Os que pensam assim são exatamente os ingratos, os que querem se impor, por se acharem superiores, acima do bem e do mal. Estes se acham dignos de toda benevolência, reconhecimento e compreensão.
Isso é egoísmo, que é o mais adequado sinônimo de ingratidão.
Estes sim são carentes. Carentes de amor, carentes de paz, carentes de sabedoria, carentes de digidade e de muitas outras qualidades que quase sempre se mainfestam nos humildes de coração e não nos de coração duro, de pedra. A ingratidão é falta de bom senso, de visão, de sabedoria e de humildade. O ingrato não vê o que os outros vêem e nem sentem o que os outros sentem, não por que não querem ou não desejam, mas, por incapacidade, por fraqueza moral e ausência de amor. Há, na cabeça do ingrato, um vazio de amor ao próximo, que se manifesta não eventualmente, mas, permanentemente. Algo assim como um vício doentio, semelhante ao vício de um toxicômano. Ele, o ingrato, é incapaz de se submeter à sua consciência - que, por incrível que pareça, ele também tem -, para se superar e ser flexível, e viver num estado mental ou de vida nenos prejudicial a ele mesmo e aos que o cercam.
O egoísmo é um modo de vida sempre presente no procedimento das pessoas ingratas. Preocupam-se permanentemente consigo mesmas, pouco se importando com o sofrimento dos seus semelhantes. Vivem num mundo particular, no qual reinam intensamente seus interesses pessoais. Às vezes, são até simpáticos e têm facilidade de fazer amizades, mas, não se libertam jamais de seus interesses pessoais, que colocam acima de tudo e de todos. A ingratidão, que tem raízes na educação familiar sem o cultivo de valores morais, provoca ressentimentos fortes nas suas vítimas, difíceis de serem esquecidos ou perdoados.
E como se tudo isso não bastasse, o ingrato é sempre uma pessoa de má índole que sempre vê somente o lado negativo das coisas e das pessoas, e não enxerga valores nos seus semelhantes, mesmo naqueles que o ajudaram. Suas atitudes e pensamentos nos fazem referirmo-nos a ele, neste mundo tão egocêntrico e pouco fraterno de hoje, com aquela expressão popular por todos nós conhecida:"Ele pensa que é o rei da cocada preta".
Resumindo, o ingrato é um infeliz, um egoísta, vaidoso e prepotente, pleno de ideias erradas, e extremamente carente. Só ele não percebe que precisa de algo mais na sua vida, que não é dinheiro, poder ou fama. É algo que ele não identifica, não percebe, envolvido que está por sua vaidade e complexo de superioridade. Até que um dia, quem sabe, sem saber como nem por que, algo diferente lhe fala ao coração e ele descobre que Deus existe, que Deus liberta, salva e cura, mesmo aqueles que sempre o ignoraram.

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