José Eduardo Cardozo nega que médica cubana desertora esteja sendo monitorada pela Polícia Federal. Reinaldo Azevedo desconfia.
E lembra que em 26 de agosto de 2013, Luiz Inácio Adams, advogado-geral da União, disse quando questionado sobre a possibilidade de deserção dos cubanos do Mais Médicos, numa curta entrevista, que "nesse caso me parece que não teriam direito a essa pretensão. Provavelmente seriam devolvidos".


Quando ocorre um pedido de axilo, o primeiro órgão a ser ouvido é o CONARE - Conselho Nacional dos Refugiados -, que é ligado ao Ministério da Justiça. O ministro, José Eduardo Cardozo, pode ou não endossar o pedido e a presidente toma a decisão final.
Ramona Matos Rodrigues, a médica em questão, eestá com medo. Os médicos que vêm morar no Brasiles são impedidos de construir uma carreira aqui e o visto proviório que recebem não lhes dá o direito de exercer outra atividade que não a do contrato.

Além disso, eles têm a tutela de agentes cubanos, que são seus verdadeiros chefes. Quem decide quando é chegada a hora de substituir um médico não são as autoridades brasileiras da saúde, mas os cubanos que chefiam a equipe. Reinaldo Azevedo considera isso uma "agressão explícita à nossa soberania".

No governo, fala-se em contratar até 10 mil cubanos (hoje há uns 4 mil), o que poderia render à ilha R$75,8 milhões por mês, quase R$ 1 bi por ano. "No comunismo, a carne humana sempre foi muito valorizada", diz Reinaldo.

Raramente o governo mentiu tanto sobre um programa como nesse caso. Chegou a descartar a vinda de cubanos no início de julho. Pouco mais de um mês depois, anunciou a chegada dos doutores e descobriu-se que as negociações estavam em curso há quase dois anos.

O Brasil paga 10 mil por cubano e os coitados recebem por aqui menos de 1000 reais, outros mil e pouco são depositados em sua conta em Cuba. "O restante fica com a ditadura". "Isso caracteriza um trabalho análogo à escravidão", opina Reinaldo. "Se um empresário aceitasse oferecer esse tipo de relação trabalhista, já estaria na cadeia, e por bons motivos". E o governo se mostra orgulhoso dessa indignidade.