sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mamãe eu quero ser da TV quando crescer. (Wesley-Kkampus)



Mamãe eu quero ser da TV quando crescer.

O mundo é de um jeito e as coisas funcionam normalmente contra a lógica. Desde a mais tenra infância somos estimulados a buscar os estudos, como forma de evolução e garantir um futuro promissor adequado às necessidades pessoais e sociais.
Ao longo dos anos vai-se percebendo que a educação formal e suas titularidades , pouco importam para uma mundo que  consome cada mais frivolidades.Um mundo que perde à cada dia os traços que identificam cada cultura, às custas de um projeto bem deliberado de dominação e alienação, subsidiado por grandes corporações,não por coincidência, nativas das grandes potências mundiais. Uma das maiores ferramentas de dominação são as mídias, que realizam  disfarçadamente sua ideologia, despejando uma gama de informações, controladas, que servem para manter as pessoas inertes e envolvidas na mágica de viver correndo de olhos vendados. Ò caverna escura de pouca luz que nos permeia! Os grandes autores, e Platão, continuam atuais. Mas quem tem acesso aos grandes autores? Como o mundo vê os intelectuais? Para que serve a crítica? Talvez para ser derrotada por qualquer mísero ditador em exercício.
A história se repete e me dá uma pena não poder testemunhar (ainda,quem sabe?!) ver o império se esfacelando, a cabeça engolindo o rabo. A motivação de escrever esse artigo é a mesma daquela de uns anos atrás, quando faleceu o geógrafo Milton Santos, infelizmente um desconhecido para tantos, quando a maior empresa de mídia televisiva do país ,noticiou sua morte como uma pequena resenha em seu principal telejornal; coincidentemente , na mesma semana, noticiou,diga-se de nota,com grande ênfase, a morte em acidente de transito, do zagueiro do Vasco, que fez uma falta aos 43minutos do segundo tempo na decisão do campeonato carioca,na qual o Petkovic assinalou magistralmente aquele memorável gol de falta, que o consagrou como ídolo da imensa nação rubro-negra.
 Nesta semana o Brasil perdeu uma apresentadora de folhetim televisivo, que , respeitando sua história e importância para o meio artístico, consumiu ,em exagero, o noticiário de todas as televisões e outras mídias.Sir Eric Hobsbawm faleceu um dia depois; um dos maiores pensadores do mundo moderno; um homem que contou a história do mundo,inspirador de uma série de outros intelectuais e citado em qualquer artigo ou livro que discuta a trajetória sócio-política da humanidade nesses dois últimos séculos. Não era uma figura midiática, com certeza, não distribuía bitocas , nem era de falar amenidades, quanto mais discutir a vida vazia de um qualquer. Porquê então merecer mais do que uns poucos minutos de exposição na TV? Além do mais era Marxista, aliás comunista!Não era também comedor de cérebro de criancinhas, segundo nossos tempos de obscuridade e maldade?
Talvez eu quisesse que o meio jornalístico, atribuísse a sua vida imortal, um reconhecimento que seria impensável de poder vazar pela censura capitalista entranhada nas salas de edições , braço forte do  patrulhamento ideológico operante.É melhor pensar assim, do que admitir que pensar no mundo, estudar e ser alguém em todos os sentidos não te leva ao estrelato. A Europa convulsiona em crise, enquanto o mensalão serve também para comprar as pizzas. Amanhã será outro dia, o Brasil conseguirá vencer a Argentina; poderíamos ver se não é por causa do penteado de Neymar, o motivo do fracasso do nosso futebol. Mamãe quando crescer, eu quero ser artista, jogador de futebol ou um idiota do show de realidades, ou talvez, quem sabe, apresentar a mediocridade ao mundo e viver nela, no subsolo úmido da caverna.
A História...A História perde um dos seus grandes contadores.É preciso rever historicamente nossos erros. O planeta precisa de saúde, o mundo precisa mudar!

Kkampus.