quarta-feira, 25 de maio de 2011

D`ja-Vu (Por Wesley e assinado por mim também)

Não raro em conversas com pessoas que vão a outro estado e ao exterior, sentimos o quanto é admirável o respeito nas civilizações. Nos grandes centros, Rio e São Paulo, Nova Iorque e Paris, os espetáculos começam no horário e isto não é um detalhe. Faz parte de uma série de outras coisas agregadas, como o direito de ir e vir, o cumprimento ao que é vendido e o que é adquirido, assim como a valorização do tempo do outro.

No último final de semana sai de casa com o intuito de ir ao show do Djavan: ingresso comprado com antecedencia a preço bem maior que o habitual.Mas Djavan vale o preço; afinal esse ídolo de adolescência já fazia mais de cinco anos que não vinha por estas bandas, apesar de ter aqui um publico fiel e acolhedor.

Cheguei cedo com uma hora de antecedencia e já encontrei uma fila enorme de fãs aguardando entrar no Multicenter. Havia assistido o jornal televisivo que confirmara que o show iniciava às 21hs. Calculei um show de duas horas e combinei com um casal de amigos para jantarmos após o espetáculo. Talvez devesse antecipar problemas de dolo, ao não ver o horário do show no ingresso.

Fui ao guichet de vendas e perguntei sobre a abertura dos portões e recebi a desagradável informação que o show só seria as 23hs e que os portões só abririam as 21horas; inclusive contando com a grosseria habitual e a falta de responsabilidade com a reclamação feita. Acredito que todos ficaram chateados com a situação, mas engoliram a situação sem grandes protestos. Verifiquei naquele silencio cúmplice, a subserviência de um povo inerte, exposto a sorte sem qualquer capacidade de reagir a seus algozes. De onde tanta covardia? Ali vi , o porquê de nossa terra não progridir, o porquê que os elogios vão sempre para as terras de fora. Não sabem eles, que no embate, na exigência dos seus direitos é que nasce uma sociedade justa e igualitária. Onde, que este ato de descompromisso com o cliente, com o publico que mantém toda essa estrutura , poderia acontecer nas casas do Rio de Janeiro ou de qualquer cidade civilizada?. Acredito que os organizadores desse espetáculos se esquecem de como são tratados fora daqui. Espero que eles não se defendam dizendo que nosso publico goste de coisa ruim ou até de m..., como a que dizem que jogaram do teatro.

Talvez a vaia de todos que estavam na arena no momento do anuncio da entrada do cantor no palco tenha sido o instante que nos salvou da abulia extrema.

Djavan , como sempre, sensacional! Mas curti o show chateado, quando a noite era para ser plena, romântica, mas a realidade é dura. Não basta só o cantor e suas belas canções . è preciso que se humanize a cultura. Apesar de parecer , nosso povo não é gado.

Parodiando outro cantor: “ A loucura é tão clara como escuro da lucidez ...“ e o deja-vu dessa situação se apaga no meu boicote solitário a espetáculos artísticos em São Luis, até que esses promotores de eventos entendam que não basta só o produto , é importante o caminho, e esse esburacado, não serve!

Pra finalizar a noite, os restaurantes fechados após uma hora da manhã.

terça-feira, 24 de maio de 2011

De Pau a Pó (Tiago Cesar)


As márgens não são mais plácidas na Pátria que me pariu
Ladrões, assassinos, leões, chocados no mesmo ninho que eu,

E o berço é mesmo esplêndido no escuro do quarto Planalto central,
onde se jura que os vermes são culpa do Satélite da Cidade Lateral.

A insônia não permite um sonho intenso. E eu, acordado, abobalhado me recuso
a sonhar só.

Os campos amarelos de vergonha, acolhem as sementes da pamonha;
enquanto deitado em minha fronha, tu cheiras todo o PÓ.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dias de Chuva (Por Wesley - Kkampus)

Dias de Chuva.

Aurora branca e cinza; chuva torrencial e umas horas infindáveis no transito.

E as coisas pioram, tem sempre um esperto trancando o cruzamento, pois não parou no sinal amarelo do semáforo; um outro furou a fila do retorno, querendo passar por fora; além de motoqueiros que cruzam de repente `a nossa frente.

Passa a chuva e as filas de carro continuam. Também, até pra se ir à padaria, vai-se de carro. Mas como ir a pé, com a falta de calçadas,ou com outras tantas desniveladas? À noite, não há iluminação adequada e não se tem segurança.

Ouço no rádio que um Toyota foi engolido por um grande buraco. Dou graças que a todo momento desvio ou caio em buracos, mas não tão enormes.

Chego enfim no trabalho e fico feliz por tanta gente precisando de mim. Faço o melhor dentro do possível. Mas logo a indignação vem novamente a tona , e descubro que um ser humano estar morrendo de fome porque esta no local errado.Sua filha disse que o Hospital que trata de sua doença só aceita interná-lo se tiver uma comprovação pela biopsia. Meu Deus! Que equívoco! Tentei ligar pra diretora do referido Hospital, mas ninguém atendeu. Quem liga?!

Vou almoçar e no noticiário nacional assisto pela milésima vez como os paladinos da justiça e da democracia, invadiram um país e assassinaram um terrorista.

Mas a opinião prevalente sempre é dos mais fortes. Houve um tempo neste país e em toda América Latina que milhares morreram e desapareceram por uma ditadura fomentada pelo grande irmão do Norte.Mas se isso não foi terrorismo, foi o que? E quem foi pelo menos julgado por isso? Justiças e justiças!

Aliás, hoje entendo porque a justiça é cega. È porque ela tem uma cegueira específica. Só enxerga o que quer enxergar. Pois só assim justifica o assassinato de tanto em acidentes no campo de Perizes. Em qualquer país do mundo alguém já estaria sido responsabilizado pela desprezo pela vida humana, pelo desrespeito do direito de ir e vir. Talvez alguém venha dizer que motoristas são irresponsáveis; sim, também, mas essa estrada de mão dupla, duas pistas estreitas, sem acostamento e com transito intenso é imoral, mata implacavelmente à cada descuido.

Volto novamente à ditadura , que me parece que ainda não acabou; pois ela , só ela, justifica a mordaça, que permite esses dias assim, com a inércia de aceitar a morte como uma banalidade.

Aguardo um dia de sol amanhã, sabendo que os engarrafamentos continuarão; cresceram o numero de carros e as avenidas são as mesmas. E darei novamente graças, por só cair em buracos pequenos.

Kkampus


Eu, Henrique, gostaria tanto de encontrar razões para alterar, retificar, desmentir a sua Crônica. Mas, meu querido amigo Wesley, baixo a cabeça e mudo sigo em frente dizendo não às medalhas das vaidades dos "salvadores da pátria".