domingo, 28 de junho de 2009

A Caridade e a falsa ajuda

A Caridade E A Falsa Ajuda.

Vendo os noticiários e lendo os jornais, percebemos o quanto o homem moderno se afastou de seu criador. A busca incessante pelo prazer gratuito e pelo dinheiro; transformou a humanidade numa legião de hedonistas que pouco se preocupa com o próximo.

Lembrem-se que ao ser perguntado sobre qual seria a melhor forma de honrar a Deus; Jesus disse: “Além de amá-lo acima de todas as coisas, ame seu próximo”. Agora, amar seu próximo, não é dar esmolas de vez em quando ou apenas se compadecer do sofrimento dos que vivem atribulações.

Amar ao próximo é ajudar ao seu semelhante a superar as adversidades da vida. Muito mais do que dar uma simples esmola. É você fazer com que seu próximo se valorize e evolua como ser humano. Uma palavra de carinho, um apoio numa hora difícil, dar a ele o respeito que merece ou uma mão amiga que o erga do chão. Essa é a verdadeira forma de ajudar seu próximo.

Quando você vê um necessitado e apenas lhe dá uma esmola e, trinta segundos depois, apaga a imagem daquele ser humano de sua mente; achando-se um grande cristão e um homem de bem, você apenas contribui para que ele continue se degradando. O certo é você “perder” seu tempo com ele e entender o que o levou para aquela vida. Tente demovê-lo da situação, encaminhá-lo para uma organização que cuide dele e que promova uma real transformação em sua vida. Ao simplesmente dar uma esmola, você apenas participa e incentiva o seu infortúnio e é o responsável pela degradação daquela alma.

Ninguém é ingênuo para pedir que você pare sua vida por alguém que “quer” viver nas ruas. O que peço, é que procure ajudar de outra forma ao invés de dar esmolas. Como eu disse acima, uma organização responsável e especializada nesse tipo de atendimento poderá ajudá-lo. Tudo isso ao alcance de um telefonema. E, para isso, você gastará o mesmo tempo que gastaria para dar uma esmola. A diferença é que você REALMENTE estará ajudando um irmão. E fará Jesus sorrir.

Sempre encontraremos tempo para ajudar alguém que amamos; não é? Pois então, muito mais importante e valioso, é ajudar alguém que nunca vimos ou sequer conhecemos. Esse é o verdadeiro Espírito Cristão. Mesmo nas mais terríveis atribulações, uma mão amiga que surge na escuridão, pode iluminar a alma de qualquer ser humano. E essa luz, será o farol que guiará sua alma diretamente para Jesus.

Lembre-se disso, ajudar é importar-se. E importar-se é amar.

Do site: jesus é amor

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O $uce$$o que é bom também tem seus tormentos

Michael Jackson, considerado o Rei do Pop, morreu na tarde desta quinta-feira (25) após sofrer parada cardíaca e ser levado às pressas para o hospital UCLA Medical Center, em Los Angeles. O cantor não estava respirando quando os paramédicos chegaram à sua casa e deu entrada no hospital em estado de coma.
Cobertura completa: morre Michael Jackson
A morte de Jackson foi confirmada pelo porta-voz do Instituto Médico Legal de Los Angeles, Fred Corral, em entrevista à CNN.
"Posso dizer neste momento que fomos informados por investigadores do Departamento de Polícia de Los Angeles Oeste que Jackson foi levado (...) para o hospital. Ao dar entrada, estava sem os sinais vitais e foi declarado morto por volta das 14h26 esta tarde [18h26, horário de Brasília]", declarou Corral à CNN.
Antes, o site do jornal "New York Times" publicou que uma autoridade da cidade de Los Angeles "afirmou que ele morreu à 1h07 PM, horário do Pacífico [17h07, Brasília]".
Segundo o porta-voz do IML, uma autópsia "provavelmente" será realizada na sexta-feira. Ele preferiu não especular sobre a causa da morte.
Ampliar Foto Foto: Reuters/Mario Anzuoni Foto: Reuters/Mario Anzuoni
Fãs de Michael Jackson choram na porta de hospital (Foto: Reuters/Mario Anzuoni )
"As coisas ainda estão acontecendo. Estamos nos comunicando com o hospital para transportar Jackson para nossas instalações, onde ele será examinado para determinarmos a causa da morte", acrescentou. "Até onde eu sei, fomos informados por investigadores da polícia de Los Angeles que Jackson foi levado pelos paramédicos para o hospital com uma parada cardíaca severa, e que depois foi declarado morto".
A rede de televisão Fox News afirmou que uma entrevista coletiva será realizada em breve no hospital.
De acordo com nota publicada no site do "LA Times", o oficial Steve Ruda disse que Jackson não estava respirando quando os paramédicos chegaram à sua casa. Eles realizaram reanimação cardiopulmonar no local antes de conduzir Jackson para o hospital.

Cantor planejava voltar aos palcos em 2009

Procurado pelo site especializado em celebridades "E! Online", o pai do astro, Joe Jackson, disse que ele teve uma parada cardíaca. "Ele não está bem", afirmou. "A mãe dele está indo para o hospital neste momento para vê-lo. Não tenho certeza do que aconteceu. Estou esperando uma resposta deles."

O porta-voz do corpo de bombeiros de Los Angeles, Devin Gales, disse que os paramédicos atenderam a um chamado feito no endereço do cantor às 12h21 locais.

Procurado pela AFP, o agente do cantor, Tohme E. Tohme, não foi encontrado para comentar a internação.

Tentativa de retorno

Michael Jackson, que completou 50 anos em 2008, anunciou em maio o adiamento de alguns dos shows de uma extensa temporada que ele faria em Londres neste ano.

A noite de abertura na O2 Arena, marcada inicialmente para o dia 8 de julho, foi remarcada para o dia 13 do mesmo mês, segundo os produtores. Além disso, algumas apresentações foram transferidas para 2010.

O adiamento das datas aumentou as especulações de que Jackson estaria sofrendo de problemas de saúde.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Ética democrática e seus inimigos (texto prova do BB 2009)

1 Não é preciso muito esforço para notar de que é
feito o cotidiano de um indivíduo brasileiro
socioeconomicamente privilegiado. Os assuntos da vida
4 privada são, de longe, os que dominam qualquer outro tipo
de preocupação. No entanto, o cuidado excessivo com o
bem-estar não apenas realimenta a cultura do alheamento
7 como reduplica-se em irresponsabilidade para consigo.
A rede de atendimento aos “famintos de felicidade”
tornou-se um negócio rendoso, e os usuários, para mantê-la,
10 exigem mais exploração dos que já são superexplorados.
Quem vive permanentemente na infelicidade não pode olhar
o outro como alguém com quem possa ou deva preocupar-se.
13 O sentimento íntimo de quem padece é de que o mundo lhe
deve alguma coisa, e não de que ele deva qualquer coisa ao
mundo. O “comércio de felicidade” é orquestrado de tal
16 modo que o sentimento de deficiência, escassez ou privação
pede sempre mais dinheiro e mais atenção para consigo,
como meio de evitar a presença avassaladora das frustrações
19 emocionais.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Meu nome não é Jarbas...

O  poder é ou deve ser algo extraordinariamente enlouquecedor. Sou um apaixonado por esse "lance" de comportamento, me parece um jogo misterioso onde o desafio de se chegar a alguma conclusão parece inalcançável. A alienação, a dissimulação certamente andam de mãos dadas com o "Poder" exacerbado. O que agora está acontecendo no Planalto Central é fichinha perto daquilo que todos sabem sem precisar de nenhuma CPI. Existem três esferas nos desatinos dos chamados "Atos Secretos". Os que todos sabem, os que muitos desconfiam e os que muitos fazem que não sabem. O que é mais provável, é que aquele que assina nomeações, nem leia o que está assinando. Aí, vem o direito de perguntar: "Eu?". Isso leva-nos a imaginar situações no mínimo hilárias, se não vejamos: A "Senadora" olha pra alguém em sua casa e pergunta: Você faz o que mesmo aqui?. Esse alguém em meio a muitos temores e tremores responde: O que a senhora quiser. E por aí vai. Se é verdade ou não que um "Chofer" do Senado na "verdade" é mordomo na casa de um filho do Senador, certamente ele não dirige tão bem assim, mas em compensação serve como ninguém. Existem também aqueles que nem sabem o que são, mas que cumprem pelo ao menos duas obrigações mensais: A primeira é passar pra receber e a segunda passar pra dividir. É uma palhaçada generalizada, onde a tentativa da mídia em nos deixar atônitos já não alcança mais seus objetivos. pois nós já sabemos bem mais do que 30 minutos de Jornal Nacional possa nos informar. Talvez o rapaz ou senhor sei lá, foi bem escolhido, pois todo motorista é uma espécie de mordomo e todo mordomo uma espécie de motorista. Pra ficar tudo completinho, só faltava seu nome ser Jarbas. Mas com doze mil reais por mês, ele em casa deve ser chamado de Senador.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pensamentos Soltos (Rubem Alves)

· “Sem advogado não se faz justiça” – essa frase aparece freqüentemente em adesivos colados em carros. Ela não é verdadeira. Se um advogado acredita que ela é verdadeira, falta-lhe inteligência. Sugiro a substituição da dita frase por “O advogado, se quiser, pode ajudar a fazer justiça. Se não quiser, pode ajudar a fazer injustiça.” O “fazer justiça” não pertence à profissão do advogado. Ninguém vira “fazedor de justiça” por ter diploma de advogado. O Lalau que o diga. A justiça pertence à ordem da ética – que é uma condição espiritual que o indivíduo advogado pode ou não ter. · Os compositores colocam no início das partituras indicações sobre o tempo e o espírito com que devem ser tocadas: Allegro vivace, Largo, Allegretto, Lantgsam und sehnsuchtsvoll, Andante espressivo, Grave, etc. Acho que os escritores deveriam fazer a mesma coisa com seus textos. As pessoas lêem mal porque não sabem o ritmo e o espírito do texto. Sobre isso falarei mais. · Estou me roendo de vontade de escrever umas estorinhas cômicas a partir da Bíblia. Por exemplo: Quem diria que Caim matou Abel porque Deus não era vegetariano? E a mula de Balaão que falou hebraico? E o “monte dos prepúcios”? E a praga de hemorróidas que Javé enviou sobre os soldados filisteus que haviam roubado a Arca? E o profeta careca – como eu – Eliseu, que invocou um urso que comeu um bando de meninos que estavam rindo da sua careca? E as duas filhas que embebedaram o pai para transar com ele? E a mulher que virou para trás e se transformou numa estátua de sal? No meio de coisas maravilhosas a Bíblia contém também muito humor. Claro, para quem tem senso de humor... · “O povo unido jamais será vencido”. Afinal de contas, o que é “povo”? “Povo” me parece uma palavra tão vazia quanto Deus. Todo mundo fala “povo”, todo mundo fala “Deus”. Os ditadores falam em nome do povo. Os líderes partidários falam em nome do povo. Mas, o que é o povo? Torcida de futebol? As pessoas vendo o programa do Ratinho? As multidões dançando as missas do Pe. Marcelo?: Os eleitores depositando seus votos? · Da minha cadeira vejo os sanhaços azuis comendo os coquinhos da areca-bambu. Ver os sanhaços me faz feliz. Lembro-me de que eles gostam de fazer buracos nos mamões maduros e entrar lá dentro para comer mais confortavelmente...

· Meu filho mais velho, o Sérgio, com a companheira, Ana Marta, fizeram a caminhada a pé até Machupichu (Não sei se é assim que se escreve). Contou dos cenários maravilhosos que iam aparecendo à medida em que subiam. Chegando a um lugar onde deveriam descansar por 40 minutos, ficaram extasiados contemplando os vales e as montanhas. Uma turista americana, entretanto, deitou debaixo de uma árvore e pôs-se a ler o livro. Não estava interessada em ver as belezas que havia no caminho. O seu objetivo era só chegar lá em cima. O livro era mais interessante. Nietzsche fala muito sobre os turistas estúpidos que se esfalfam para chegar ao alto da montanha sem perceber as belezas que existem no caminho.

· Veio-me, faz uns minutos, sem que eu quisesse, uma coisa que estava escrita na porta do laboratório de um colega meu da UNICAMP, se não me engano o Paulo Ana Bobbio: “Havendo Deus colocado limites definidos à nossa inteligência, é profundamente lamentável que ele não tivesse colocado limites também para a nossa ignorância”.

· Florais de Bach: confesso minha ignorância. Nada sei sobre os seus poderes. Mas sei muito sobre os poderes terapêuticos dos “Corais de Bach”. A música tem poderes mágicos. Nietzsche fala sobre isso no seu livro O nascimento da tragédia grega – a partir do espírito da música. A música entra no corpo e o possui. A experiência estética com a música é uma experiência de “possessão”.

· Uma amiga querida que acaba de me visitar me contou da sua experiência com a quimioterapia. O mal-estar terrível, sobre o fundo sombrio da doença. A impossibilidade de comer qualquer coisa, inclusive de beber água. Media a água que bebia com colherinhas, para não vomitar. Quando melhorou e conseguiu beber uns golinhos d’água, experimentou algo que nunca tinha sentido antes: a absurda felicidade de beber água. Vou prestar mais atenção na água, na próxima vez que for beber...

· No seu leito de morte, o velhinho de repente sentiu um desejo: “Minha filha, estou com muita vontade de comer um pastel de carne...” Ao que ela lhe respondeu: “Mas papai, pastel tem colesterol...” Um médico, dirigindo-se a uma velhinha de 90 anos, exames de laboratório perfeitos, exceto um discreto aumento na taxa de glicemia: “A senhora tem de comer menos doces...”

“Sem advogado não se faz justiça” – essa frase aparece freqüentemente em adesivos colados em carros. Ela não é verdadeira.

Rubem Alves


Rubem Alves nasceu em 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, Minas. A família midou para o Rio em 1945, onde colegas zombavam do seu sotaque. Buscou refúgio na religião. Teve aulas de piano. Estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP) e iniciou carreira como pastor. Teve três filhos.

Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary, de Nova York, com o golpe militar de 1964, perseguido como subversivo, abandona a Igreja Presbiteriana e volta aos Estados Unidos.

Torna-se doutor em Filosofia pelo Princeton Theological Seminary. Considera a tese de doutoramento, Uma Teologia de Esperança Humana (1969, Corpus Books) e foi “um dois primeiros brotos” da Teologia da Libertação. Volta para o Brasil e em 1973 vai para a Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, onde hoje é Professor Emérito. Fez-se psicanalista. Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octavio Paz, José Saramago, Frederico Nietzsche, T.S. Eliot, Albert Camus, Santo Agostinho, Jorge Luis Borges, Fernando Pessoa.

Rubem Alves, é um dos mais respeitados intelectuais do Brasil, é amado por milhões de pessoas que, como ele, desejam construir um mundo melhor do que o que recebemos ao nascer. Certamente, você não teria tempo e/ou oportunidade de ler os 80 livros de Rubem Alves. Este livro – O MELHOR DE RUBEM ALVES – contém uma síntese do seu pensamento. Ao terminar a leitura, você não será mais o mesmo. Será muito melhor do que já é.

O Velho (Chico Buarque 1968)

O velho sem conselhos

De joelhos
De partida
Carrega com certeza

Todo o peso

Da sua vida
Então eu lhe pergunto pelo amor

A vida inteira, diz que se guardou
Do carnaval, da brincadeira

Que ele não brincou

Me diga agora
O que é que eu digo ao povo

O que é que tem de novo

Pra deixar
Nada
Só a caminhada
Longa, pra nenhum lugar

O velho de partida
Deixa a vida
Sem saudades
Sem dívidas, sem saldo

Sem rival

Ou amizade
Então eu lhe pergunto pelo amor

Ele me diz que sempre se escondeu

Não se comprometeu

Nem nunca se entregou

E diga agora

O que é que eu digo ao povo

O que é que tem de novo

Pra deixar
Nada
E eu vejo a triste estrada
Onde um dia eu vou parar

O velho vai-se agora

Vai-se embora

Sem bagagem

Não se sabe pra que veio

Foi passeio

Foi Passagem

Então eu lhe pergunto pelo amor

Ele me é franco

Mostra um verso manco

De um caderno em branco

Que já se fechou

Me diga agora

O que é que eu digo ao povo

O que é que tem de novo

Pra deixar

Não

Foi tudo escrito em vão
E eu lhe peço perdão
Mas não vou lastimar

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Milton Carlos


Cantor. Compositor.
Irmão da compositora Isolda e seu grande parceiro musical. Começou a interessar-se pela música, ainda criança, fazendo estórias e músicas para teatrinhos de bonecos com a irmã.
Faleceu em 1977, num acidente de carro na via Anhanguera, em São Paulo. Sua morte provocou grande repercussão na imprensa, especialmente na mídia paulista.

Atuou com a irmã, Isolda, como backing vocal.
Gravou seu primeiro disco em 1970, tendo como destaque as músicas "Desta vez te perdi", "Tudo parou", "Eu vou caminhar" e "Um presente para ela", parcerias com Isolda.
Em 1973, gravou "Samba quadrado" e "Você precisa saber das coisas", também parcerias com a irmã. Nesse mesmo ano, teve a primeira de suas composições gravadas por Roberto Carlos, "Amigos, amigos".
Dois anos depois, lançou novo LP que trazia algumas de sua composições com Isolda, entre as quais, "Amanhã é outro dia", "Foi ela um tema de amor", "Eu juro que te morreria minha" e "Tele-rodovia".
Em 1976, Roberto Carlos emplacaria dois grandes sucessos de Milton Carlos e Isolda: "Pelo avesso" e "Um jeito estúpido de te amar".
Nesse ano, o quarto LP de Milton Carlos foi lançado, trazendo novas composições suas com Isolda, como "Uma valsa, por favor" e "Último samba-canção".
Seu último LP foi lançado em 1977, com novas parcerias com a irmã, tais como "Enredo", "Ana Cláudia", "Maria de tal" e "Saudade do Bexiga". Quando faleceu, fazia grande sucesso nas rádios com a regravação da marchinha "Dorinha meu amor", de J. Francisco de Freitas.

Cantar

Quando se emudece, parece que a gente tem muito pra falar. Mas quando se cala todas nossas falas, não dá para contar. Quando a gente canta e alguém se levanta e não é pra dançar, bate uma tristeza que se põe na mesa do nosso chorar. E a gente canta, também se levanta gritando alto o sentimento na letra de uma canção. E a gente canta, em tudo a gente canta. Se faz de uma cantiga a nossa ilusão. hacs

sábado, 6 de junho de 2009

O Egoísmo unifica os insignificantes

“Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.
Uma pessoa é enorme para você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, e quando olha nos olhos e sorri destravado.
É pequena para você quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: amizade, respeito, zelo e até mesmo amor.
Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você.
E pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande, é a sua sensibilidade sem tamanho."

(William Shakespeare)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Metade (O.Montenegro)

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Proseando (Rubem Alves)


Prosear é um jeito de falar. Fala sem objetivo definido, como o vôo dos urubus - indo ao sabor do vento. Palavras fluindo. Um jeito taoísta de ser. Para prosa não existe 'ordem do dia', não há conclusões, não há decisões. A prosa não quer chegar a nenhum lugar. A prosa encontra sua felicidade em prosear. Como andar de barco a vela em que o bom não é chegar mas o 'estar indo'. 'A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia', Guimarães Rosa. Prosear é brincar com as palavras. Escrevi uma crônica com o título Tênis x Frescobol, sobre dois tipos de fala. Fala do tipo Tênis tem um objetivo preciso: reduzir o outro ao silêncio por meio de uma cortada. Ter razão. Ganhar o argumento. Convencer. Sempre termina mal. Um ganha, fica feliz e se sentindo superior. O outro perde, fica com raiva e se sentindo inferior. Frescobol é diferente. A felicidade do jogo está em estar acontecendo, em não parar, vai, vem, vai, vem, vai, vem, como numa transa indiana, sem orgasmo, feita de um prazer permanente que não acaba. O orgasmo na transa, como a cortada no tênis, são o fim do brinquedo. Saber prosear, jogar conversa fora, é o segredo das relações amorosas. Nietzsche dizia que quando se vai casar a única pergunta importante a se fazer é 'terei prazer em conversar com essa pessoa quando eu for velho?' Nessa sala estaremos proseando. Falar sobre o que der na telha. Pensamentos avulsos. Dicas. Informações sobre as coisas novas na minha casa. Apareça sempre para prosear!