sábado, 30 de maio de 2009

O Amor da sua vida (Roberto Freire)

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referênciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você é bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco.

Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que diabo está sem um amor?

Ah!!!...o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o AMOR DE SUA VIDA é!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Casa que sonhei nunca ficou pronta

Na juventude, minha mãe era infeliz e não sabia, pois todas as suas forças eram convocadas para esquecer isso. Cantava Dalva, para desgosto de meu pai, e ria com medo se bem que ninguém era feliz naquela época. Não havia essa infelicidade esquizofrênica de hoje, mas era uma infelicidade tristinha, com lâmpada fraca, uma infelicidade de novela de rádio, de lágrimas furtivas, de incomprensões, de conceitos pobres para a liberdade. eu via as famílias; sempre havia uma ponta de silêncio, olhos sem luz, depois dos casamentos esperançosos com burguês arrojado para o futuro que ia morrendo aos poucos. Não era tristeza da pobreza, dava para viver com uma empregadinha mal paga, dava, mas era uma tristeza obrigatória, quase uma "virtude" que as famílias cultivavam, sem horizontes. Hoje vivemos essa liberdade desagregadora, com a esperança de paz da classe média destruída, vivemos o medo das ruas, das balas perdidas. Antes, minha mãe tinha a ilusão de uma "normalidade". Hoje, todos nos sentimos sem pai nem mãe, perdidos no espaço virtual, dos emails, dos contatos breves, da vida rasa sem calma. Na verdade, tenho vontade de telefonar, mas é para saber quem sou eu. E quando disserem "Quem fala", pensarei: "É o que me pergunto..." Mas sei que vou desligar dizendo: "Desculpe, é engano..." hacs

sábado, 23 de maio de 2009

E eu estou aqui...


Há muito tenho estudado, pesquisado e questionado coisas que não sei falar, coisas que não sei dizer, coisas que só sei sentir. Sempre digo que a coisa mais difícil para um Homem, é seguir a Jesus. A segunda é sermos nós mesmos, sem máscaras, sem escudos. Não sei qual seria a linha que mais daria sustentabilidade para responder a questionamentos instigantes. A Psicologia e a Fé não casam, são primos. São como os medos e os amores. São como as essências e os espíritos. Numa coisa estou certo, o tamanho do meu medo é o tamanho do meu amor. Onde crescem os medos, crescem também os amores. Penso que sempre existimos, pois só assim se justifica tantas diferenças. Sei que em tudo isso tem a Mão de Deus e que embora não entenda muitas coisas, acredito que tudo está em seu devido lugar. Não acredito em coincidências. Não credito ao acaso nem os percalços nem os sucessos que temos na vida. Acho que já é hora de tomar posições que me justifiquem estar aqui. Tenho que perder o medo de me mostrar. Tenho que perder o medo de assumir que sou honesto, verdadeiro, leal. Que sou um Homem, um Homem bom. Que sou de verdade. Não tenho orgulho de mim, pois a muito não sei o que é isso, não há mais espaço na minha vida pra essas coisas. Apesar de todo ônus que pago, sendo como sou, é bem mais fácil ser eu mesmo do que encarar uma fraude insustentável, impensável, que se diluiria com o tempo. Cheguei até aqui sem medo do Espelho e sem necessidade de retrovisor. Mas é pesado, extremamente pesado. Porém não sei andar pra trás. Acredito em Deus, e ele acredita em mim, isso me basta. Sei, tenho plena consciência que para cada qualidade em mim, existe um reflexo pejorativo que sai da boca daqueles que não se encontram em si mesmo. Se sou generoso, serei uma besta. Se sou atencioso, serei alvo de desconfiança. Se sou dedicado, serei recusado, e por aí vai. Meu irmão mais velho de vez em quando me dizia: "Pô bicho, eu gosto de ti pra "caralho" e aproveita que eu só falo essas coisas quando estou bebendo" rsrsr. Em outras oportunidades mais sereno perguntava-me como eu conseguia dizer essas mesmas coisas sem beber. E eu, só ria. Mas no fundo pensava: Talvez se eu bebesse não diria. Eu sei o valor de se dizer "Eu te amo", de cara limpa. Meu irmão também com certeza sabe, mas ainda não tratou de perder a vergonha. A mesma vergonha que escrevi aqui. A mesma que deixo aqui. Nunca fui, não sou, jamais serei um aventureiro. Sou um homem simples ou um simples homem. Sou o que sou. Morro de saudades e vivo-as como um filme bom onde sou coadjuvante, mas escrevo sempre o final. E o final é sempre feliz. Mas como se trata de saudades, as lágrimas são inevitáveis. Quando alguém trata a saudade como eu a trato sabe o que é ter a idade que se quer ter. E você que está me dando o prazer de ler o que escrevi, saiba é maravilhoso pra mim, olhar meu contador de visitas e constatar que muitos me gostam. Meu blog é um retrato mal feito de mim. O que escrevo é o que eu sinto. Não sei fazer rascunhos. Eu estou aqui. Henrique Soares

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Janusz Korczak

Korczak nasceu na capital da Polônia, numa família judia. Seu pai Józef Goldszmit morreu em 1896 (provavelmente suicídio), deixando a família sem nenhuma fonte de renda. Durante os anos seguintes, Korczak, ainda adolescente, passou a sustentar sua mãe, irmã e avó.

Em 1898, usou pela primeira vez o nome Janusz Korczak como pseudônimo para participar de um concurso literário. O nome foi inspirado no livro Janasz Korczak and the pretty Swordsweeperlady escrito por Józef Ignacy Kraszewski. Entre 18981904 Korczak estudou medicina em Varsóvia e também escreveu para alguns jornais da Polônia.

Graduado em pediatria, durante dois anos (1905-1906) serviu como médico do exército na Guerra Russo-japonesa. Durante esse período, seu livro Child of the Drawing Room se tornou conhecido nos meios literários. Depois da guerra continuou a trabalhar como médico em Varsóvia.

O orfanato da Krochmalna, onde Korczak trabalhou.

Entre 19071908, Korczak deu continuidade a seus estudos em Berlin. Enquanto trabalhava para o Orphan's Society, em 1909, conheceu Stefania Wilczyńska. Em 19111912 se tornou diretor do Dom Sierot, um orfanato para crianças judias na capital polonesa. Wilczyńska se tornou próxima a ele nessa empreitada. No orfanato ele criou uma espécie de república das crianças, com um parlamento, tribunal e jornal próprios.

Em 1914 Korczak voltou a atuar como médico do exército com a patente de tenente durante a I Guerra Mundial. Escreveu um ensaio pedagógico no tempo que tinha livre. Em Kiev conheceu Maryna Falska, que depois se tornou sua ajudante em Varsóvia. Retornou à sua cidade natal quando a Polônia recuperou a independência em 1918.

Depois da guerra, fundou um outro orfanato chamado Nasz dom (Nosso lar) e deu continuidade a seu trabalho no Dom Sierot. Durante a guerra entre a Polônia e a União Soviética serviu novamente como médico do exército. Nesse período, contraiu tifo e sua mãe morreu dessa doença.

Em 1926 permitiu às crianças do orfanato começarem seu próprio jornal, o Mały Przegląd, que acompanhava semanalmente o jornal judeu Nasz Przegląd.

Entre 19341936 Korczak viajou anualmente para a Palestina para visitar os kibbutzim. Isso aumentou os ataques anti-semitas contra ele. O que o levou a parar de trabalhar no órfanato não judeu em que atuava. Apesar disso, não quis se mudar para a Palestina mesmo quanto Wilczyńska foi em 1938.

Em 1939, com o início da II Guerra Mundial, Korczak tentou se alistar no exército polonês mas foi recusado por causa da sua idade. Ele testemunhou a chegada do Wehrmacht (nome do exército alemão durante a segunda grande guerra) à Varsóvia. Quando os nazistas criaram o gueto de Varsóvia em 1940, seu orfanato foi obrigado a se mudar para dentro do gueto. Korczak foi junto, por sua vontade, para não abandonar suas crianças.

No dia 5 de agosto (para alguns 6 de agosto) de 1942, soldados alemães levaram as cerca de 200 crianças que estavam no orfanato, aproximadamente 12 funcionários e Janusz Korczak para o campo de concentração de Treblinka.

"Janusz Korczak e a criança" em Yad Vashem

Não se tem claro o que aconteceu com Korczak após entrar no trem para Treblinka, o mais provável é que tenha morrido numa câmara de gás ao chegar no campo de concentração.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Eu preciso aprender a só ser (G. Gil)


Sabe, gente.
É tanta coisa pra gente saber.
O que cantar, como andar, onde ir.
O que dizer, o que calar, a quem querer.

Sabe, gente.
É tanta coisa que eu fico sem jeito.
Sou eu sozinho e esse nó no peito.
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder.

Sabe, gente.
Eu sei que no fundo o problema é só da gente.
E só do coração dizer não, quando a mente.
Tenta nos levar pra casa do sofrer.

E quando escutar um samba-canção.
Assim como: "Eu preciso aprender a ser só".
Reagir e ouvir o coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser."

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Como árvores...

Qual o tamanho de um sofrimento ?

Quanto tempo devemos chorar por um ente querido
que morreu ou pelo amor que se perdeu ?

Quanto tempo devemos guardar trancado um coração
que sofreu uma traição ?

Quantos dias devemos ficar trancados em um quarto
quando alguém nos decepcionar ?

Qual o tamanho da saudade que devemos armazenar
por alguém que não vai voltar ?

Qual o tamanho do ódio que devemos criar para aqueles
que nos humilharam ou feriram ?

É muito difícil determinar o tamanho, o tempo ou o peso de
qualquer uma das perguntas acima, o certo, é que tudo tem
um tempo certo, tudo tem um limite, e cada um de nós é
suficientemente "adulto" para perceber quando estamos
passando dos limites.

Assim, as pessoas que se trancam na dor e fazem dessa dor
"o motivo" para não viverem, para não lutarem e
simplesmente desistirem da vida, estão indo contra um
princípio natural e divino que aponta sempre para
a continuidade da vida.

Se você cortar uma árvore centenária e deixar apenas
um pequeno toco, verá depois de alguns meses a vida
renascer com pequenos galhos já crescendo e
desafiando a vida para ressurgir.

Em alguns anos será novamente uma árvore forte e
cheia de vida, pronta para oferecer o que tem
de melhor para o mundo.

Por isso o sofrimento tem que ter uma medida,
a nossa dor tem que ter limite, o nosso isolamento do
mundo tem que ter um breque, porque somos como árvores
frondosas que estão sujeitas á vários cortes durante
nossa vida, alguns cortes derrubarão poucas folhas,
outras podem até destruir todos os galhos que demoramos
anos para juntar, mas sempre nos restarão algumas
sementes que se regarmos com paciência e amor,
em breve nos transformará de novo em belas árvores.

Se você, no dia de hoje, é apenas um toco,
lembre-se que dentro de você tem uma semente divina
que deve ser cultivada sempre, que precisa muito mais
da sua atenção que de mãos estranhas, por isso ame-se,
respeite-se, respeite a vida e o curso que ela tem,
transforme-se definitivamente numa árvore que dá frutos,
que dá sombra e lembra sempre a todos que enquanto
existir vida, existem possibilidades de transformar,
de renascer e de ser feliz!.