sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Crentes ciumentos (Pe Zezinho, scj)


23. CRENTES CIUMENTOS
(Pe. Zezinho, scj)
Impressiona-me o número dos crentes ciumentos que tomaram conta de nossas igrejas nos últimos anos. Crente é aquele que afirma crer em Deus e, no caso dos cristãos, aceitar Jesus como seu Senhor. Causa tristeza ver como se dissemina rapidamente entre crentes católicos e pentecostais essa atitude de filhos ciumentos. Os e-mails que recebo, as cartas que chegam às nossas redações, os telefonemas e as pregações nos púlpitos, no rádio e na televisão não deixam margem a dúvidas. Voltou o episódio de Josué de Nun diante de Moisés por causa de Eldad e Meldad (Nm 11, 25 - 29) que quis calar a boca de quem não era do seu grupo e de João que também mandou calar alguém que expulsava demônios e não era do seu grupo (Mc 9, 38).
Há pentecostais, messiânicos, católicos e evangélicos proibindo seus fiéis de se encontrarem com gente de outra igreja, de dialogar, de cantar juntos e de elogiar o que há de bonito nos outros. Apossaram-se da verdade, do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ninguém mais deve falar em nome deles. Eles, sim! Seus livros, seus cantos, seus cultos, seus pregadores, suas mensagens são de Deus. As dos outros são de satanás. Chega-se ao extremo de um pastor desinfetar uma igreja e voltar a consagrá-la porque lá se cantou uma canção de um católico. Não ficam atrás alguns evangélicos e católicos que se negam a subir no palco com gente de outra igreja. Quando sobem, não se cumprimentam nem se confraternizam. Não têm o que dizer um ao outro. Deus já lhes disse tudo! O que teriam a aprender com os outros? Elogiar o quê? Por que? E se alguém canta junto com alguém de outra igreja é duramente repreendido! Que tipo de cristianismo é esse?
Moisés mandou matar quem cometera idolatria e Isaías mandou matar os padres de Baal que ele derrotara. Muita gente foi morta por crer diferente. Mas Jesus elogiou o centurião romano, a mulher de Canaan, dialogou com a mulher samaritana, Paulo foi ao Areópago e não chutou nenhuma imagem. Antes, elogiou a fé daqueles homens, mesmo discordando deles. E então, respeitoso, falou do Deus único! Mais ainda: Jesus disse que tinha ovelhas que não eram do seu rebanho, e criticou o ciúme religioso dos fariseus, condenando, em parábola um levita e um sacerdote hebreus insensíveis e elogiando um samaritano. Elogiou em parábola um publicano e condenou um fariseu que pagava dízimo e se declarava mais religioso do que o outro. O mesmo Jesus mandou amar os inimigos e fazer o bem aos que nos odeiam. Deixou claro que Deus é pai de todos.
Como explicar, então, o comportamento desses pregadores e cantores que se negam a cantar juntos, orar juntos e juntos ajudar os pobres? De onde esta convicção de que Deus está com eles e eles são os mais santos? Que Bíblia leu aquela pobre jovem cantora que mostrou tristeza por ver suas canção cantada diante de uma rodela de trigo? Onde estava aquele pregador que chutou uma imagem de Maria, para dizer que aquilo era um ídolo, esquecido de que Deus mandou fazer imagens de querubins e até uma serpente de bronze? Na parábola do filho pródigo há três histórias: a do pai que perdoa e acolhe, a do filho que vai embora, perde-se e volta arrependido, e a do irmão ferido de ciúmes, porque o pai acolheu o seu irmão pecador sem tê-lo consultado! Será que ele teria dito que sim?
Josué teve ciúmes achando que só seu grupo poderia profetizar, João teve ciúmes achando que só os do grupinho fechado poderiam agir no nome de Jesus; o filho bonzinho da parábola que está em Lc 15, 11 achava que só ele tinha direito. O outro não podia ser bem tratado daquele jeito!
Há cristãos ciumentos, achando que só eles podem cantar, pregar e falar de Deus e que, o que Deus inspira aos outros é lixo. As inspirações de Deus só caem na cabeça deles. Quem ousa elogiar irmãos de outras religiões é malvisto, caluniado e mal falado. Não conseguem entender que, por melhor que seja o seu buquê de rosas, o buquê do outro também é de flores. Não é tudo igual, mas nem por isso temos o direito de dizer que a flor do outro fede só porque a nossa cheira bem!
Quem nunca leu sobre o montanismo, leia! Está em curso um neo-montanismo, a crescer como tiririca em muitas igrejas cristãs, inclusive entre nós, católicos. Eles acham que Deus só fala com eles. Há centenas de Montanos e Priscas, Novacianos, Cátaros e Donatistas. Esses donos da verdade cristã daquele tempo depuseram bispos, enfrentaram papas, enviaram gente para a prisão, alojaram-se em palácios jogando o imperador até contra o papa, criaram grupos à parte que não ouviam a ninguém de fora, nem ao papa. Do papa só usavam o que interessava. Só ouviam a Deus e aos seus chefes. Deus estava com eles, a verdade estava com eles e os outros que se convertessem ao seu grupo! Não podiam recuar porque Deus lhes revelara a verdade mais verdadeira! Hoje vejo camisetas de cristãos que se dizem convertidos com frases do tipo: Sou de Cristo, os incomodados que se convertam! Não adoro ídolos de barro! Chega a ser cruel. É provocar para a guerra. Não vai acabar bem!
Nem é preciso dizer da violência que eles criaram e das pessoas que conseguiram silenciar nos lugares onde chegaram ao poder. Quem discordasse deles era contra Deus, porque Deus falava só por meio deles. Riam dos outros, falavam contra, jogavam indiretas e atiçavam seus fiéis e fãs contra os outros.
O estudo da História da Religião faz falta. Quem não estudou está repetindo o mesmo comportamento desses hereges, já condenados pela Igreja. Não querem diálogo e condenam quem dialoga com crentes de outros grupos. Não leram a Ut Unum Sint, nem a Orientale Lúmen mas gostam de citar as outras encíclicas do passado que eram duras contra outras religiões. Omitem João Paulo II e Paulo VI e os diálogos que empreenderam e pedem que conduzamos com irmãos de outra fé. Se lessem o número 17 da Orientale Lúmen corariam de vergonha. Lá o papa diz que entre os pecados que exigem maior empenho de conversão devem ser incluídos os que prejudicaram a unidade dos cristãos. A culpa foi dos dois lados. Mas diz o papa que este pecado é gravíssimo. E pede maior empenho, mais encontros e mais diálogo.
Os rebeldes são eles que não dialogam nem chegam perto de outros irmãos e dão um jeito de acusar de traidor o irmão que dialoga com eles. Acham logo um defeito na fala de quem tenta ouvir o outro. Dizem os desobedientes somos nós. Bispos, papas e teólogos se encontram com irmãos de outras igrejas e outros cultos para dialogar, mas eles não aceitam. Somos chamados de irenistas, relativistas. Não vale nada do que já fizemos para acentuar a fé católica, porque ousamos dizer que a flor do outro também é flor, esmiúçam tudo até provar que dissemos que é tudo igual. Mães não são iguais, e flores não são iguais.
Mas mães são mães e flores são flores, mesmo que digamos que não são!
Eu digo que é ciúme. Não admitem que Deus tem rahamin, muitos colos e que Deus ama e ilumina outros filhos. Agem como o sujeito que não aproxima a sua vela de um outro, por medo de, com isso, sua vela perca o brilho ou deixe de ser a única a iluminar o salão! Só porque a nossa lanterna ilumina outra, ou, junto com a lanterna de outros iluminamos o mesmo lugar, a nossa lanterna não diminui seu brilho. Não é porque elogio a mãe do outro que a minha diminui. Antes, cresce por ter criado um filho bem educado!
Que devemos mostrar a nossa fé e se preciso, mostrar onde não concordamos com outras religiões, parece óbvio. Que não temos o direito de ridicularizar a religião dos outros, nem pisar nos livros e nos candelabros e altares deles, também parece óbvio. Temos que aprender a discordar sem viver em discórdia e a caminhar juntos naquilo em que estamos de acordo. Purificar uma igreja porque alguém cantou lá um canto católico já é loucura. Condenar um grupo católico porque canta uma canção dos evangélicos, que em nada contradiz a nossa doutrina é loucura. Por causa desse tipo de pregadores muitas cidades já foram à guerra há alguns séculos atrás. O perigo é voltar a isso, por causa desses irmãos que não admitem que são irmãos de quem não cospe, nem ora, nem canta como eles! Quero que saibam que acho minha mãe a melhor das mães. Mas quero que saibam que acho que a mãe do outro também é uma boa mãe. Se isso for errado, as encíclicas sobre o diálogo religioso estão erradas. Elas mandam respeitar os valores dos outros enquanto afirmamos os nossos!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Seis formas diferentes de amar...

O ser humano é dotado de seis diferentes estilos de amar, defendem psicólogos sociais. Altruísta, romântico, lúdico, pragmático, possessivo e cooperativo são as formas do amor definidas pelos especialistas.

A forma como se ama depende de vários factores, como personalidade, cultura e educação, mas geralmente os indivíduos combinam dois ou três estilos, embora um tenda a predominar.
A esta conclusão já tinha chegado um estudo em 1970, mas a premissa ainda é válida, garante Nelson Lima, coordenador nacional do Instituto de Inteligência.

"Actualmente ensina-se mais sobre as relações sexuais do que sobre as relações amorosas. Os jovens sabem mais sobre sexo do que sobre amor. E isto influencia o seu comportamento no mundo. É de prever que no futuro os divórcios tendam a aumentar e a própria instituição do casamento, tal como a conhecemos hoje, desapareça", considera o investigador citado pela Lusa.

A forma de amar tem-se alterado ao longo dos tempos. Hoje - mais ligado ao racional - "já não provoca escravidão como antes da época do Romantismo", altura em que era sinónimo de paixão refere Nelson Lima.

Actualmente, o sofrimento é mais limitado e um amor que não seja para toda a vida deixou de ser um drama para a maioria das pessoas, sendo uma tradução prática o aumento dos divórcios.

Por outro lado, os divórcios deixam os filhos menos preparados para relacionamentos duradouros, acrescentam os especialistas.

Mas o estilo de amar de cada um será também, em parte, influenciado pela forma como o outro actua dentro da relação, conclui o investigador.


Seis amores:

O romântico
O estilo romântico aparece na adolescência e envolve paixão, unidade, atracção sexual, e ainda provoca casos de perdição. Em caso de fracasso ainda pode levar ao suicídio.

O possessivo
Quanto ao estilo possessivo, os psicólogos referem ser um amor determinado pelo ciúme e que provoca emoções extremas e comportamentos obsessivo-compulsivos, exigindo do outro constante atenção. Em momentos de crise prejudica a vida familiar e profissional.

O cooperativo
O estilo cooperativo nasce geralmente de amizade anterior e antiga e é alimentado por hábitos e interesses comuns.

O pragmático
Já o estilo pragmático é característico das "pessoas práticas, disciplinadas e disciplinadoras, com uma educação, por vezes, austera" que podem minimizar ou reprimir o sentimento, não sendo dadas a manifestações expressivas de carinho.

O lúdico
O estilo lúdico assenta na conquista e na busca de emoções passageiras e é muito frequente em jovens adultos, em especial homens.

O altruísta
Por fim, o estilo altruísta é seguido por pessoas dispostas a anular-se perante o outro, tendendo a "isolar-se num mundo onde, na sua imaginação, só cabem os dois ainda que o outro pense e actue exactamente ao contrário".

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Lágrimas

Cada lágrima que deitas é sentida por mim,
Cada instante que aproveitas antes de vir o fim,
Eu estarei cá para cumprir a minha promessa,
Por favor tu nunca vivas à pressa.

Elas vão tão rápido que eu não as ultrapasso,
Lágrimas de pedra, lágrimas de aço,
Congeladas e fumadas para a dor,
Quem terá sido o seu professor.

O coração, o famoso órgão da lição,
Parece que esta vida é em vão,
Vida é vida, ninguém está ausente,
Mas a tua perspectiva é tipo a de um cliente
Habitual, será que isto é natural?
Ou és forte demais para seres sentimental?

Sou filho da tempestade e tenho o céu como telhado,
Chamam-me maluco mas eu já estou habituado!

São lagrimas!

II

Desde a hora zero que é isto que eu espero,
Fazer com gosto tudo aquilo que eu quero.
Se tens o que basta, o necessário,
Então pára de te esconderes no armário.

Uma lágrima por cada bala,
Uma lágrima por quem já não fala.
Tens medo de alturas não ligues às vertigens,
E porque é que já não dão valor às origens?

Não podes fugir, não podes esconder,
Não podes fingir que é este o teu poder.
Poder da tentativa, visão subjectiva,
E as lágrimas encontram-se todas à deriva!

Queres a verdade? então vou ser franco,
o arco-íris que eu vejo é a preto e branco!
Para ultrapassar é preciso coragem,
Sempre na expectativa de uma nova paisagem.

São lagrimas!

III

Quem me dera ver agora um sorriso,
Porque lágrimas eu agora já não preciso,
Nem economizo todas as minhas tristezas,
Não ligues á represália, porque as mágoas já tão presas.

Conspirações, manipulações sem perdões,
Tanta coisa que acontece e causa transformações.
Surge a mudança, a pessoa nova,
Pessoa nova uma ova, porque esta pessoa vai Comigo para a cova.

Que a tua alma pega em ti e dá-te uma sova, Porque ela não te aprova,
Eu sou a prova, já sou como sou à muitos anos,
O ego é o maior causador dos nossos danos.

Nós somos humanos, castigámos e inventamos,
E perdemos mais do que aquilo que damos!!!

São lagrimas! hacs

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Um abraço diz muitas coisas


Abraços são dados de muitas formas
e com diferentes significados.
Têm abraços que dizem:
“Fico muito contente com a sua amizade...”

Existem abraços que expressam o orgulho
que se sente por alguém especial!...
Também há abraços que dizem:
“Não existe ninguém no mundo igual a você...”
Há abraços doces e ternos
que são dados em momentos de tristeza...
Com um abraço também podemos dizer:
'Sinto muito',
quando alguém está passando por um momento difícil...
Há abraços que damos, para dizer:
'Que bom que você veio',
e outros que dizem:
'Sentirei sua falta quando você estiver longe de mim...'
E não faltam esses abraços perfeitos para fazer as pazes...
E os abraços cheios de carinho,
que nascem do coração...
Como você vê,
existem abraços para diferentes ocasiões;
abraços rápidos e abraços demorados,
um para cada razão...
Porém, de todos os abraços,
o mais carinhoso é aquele que diz:
'Você está sempre no meu pensamento
porque eu te quero muito Bem”.


E sempre será assim!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Abelha e a Flor

Ide pois aos vossos campos e pomares,
e lá aprendereis que o prazer da abelha
é de sugar o mel da flor,
mas que o prazer da flor
é de entregar o mel à abelha.

Pois, para a abelha,
uma flor é uma fonte de vida.
E para a flor
uma abelha é mensageira do amor.

E para ambas,
a abelha e a flor,
dar e receber o prazer
é uma necessidade e um êxtase.

Solidão Amiga (Rubem Alves)

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a
casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta,
ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você
deseja é não estar em solidão...
Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que
surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho,
ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão
feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas.
De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha.
Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se
lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava
e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se
com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa...
Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era
um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A
noite estava perdida.
Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos
livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por
oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela
cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras.
Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras
e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua
alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro
comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos
da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe
disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente:
eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa,
“parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante.
Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard
iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há
mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho
a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha
solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão
se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade
bruta e morta. Ela tem vida.
Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não
importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que
fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a
vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser
o lugar onde você vai plantar o seu jardim.
Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta:
Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a
sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar
dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas
são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha
inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:
“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“
Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha
enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas
alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros
que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente,
pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão
aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que
as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo,
perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão
com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem
sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar.
Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que
elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer
comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um
artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer
que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas,
voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:
“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não
discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas
abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até
mesmo as horas caminham com pés saltitantes.
Ali as palavras e os tempos
poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se
em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“
E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o
operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e
falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao
cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado
que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um
humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não
sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento!
Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem
sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de
operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia
no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante
solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário
adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“
Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o
seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são
geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo
pela primeira vez e se transformou em poeta.
E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:
“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os
traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e
sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos...
Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde
erraria a verdadeira Cecília...“
Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de
relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília
estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.
O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me
faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra
na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino
caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro,
que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem
falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre:
entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em
bicar. Nunca
fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei
nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A
solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com
meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo
que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha
solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As
caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E
aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por
exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...
A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações?
Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos
outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque
nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da
qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é
verdadeira.
Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem
minha solidão feliz.
(Correio Popular, 30/06/2002)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Quando me amei de verdade (desconhecido)

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome…Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é…Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de… Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é… Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama… Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é… Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei menos vezes.
Hoje descobri a… Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é…Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é… Saber viver!!!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Tolerância Zero

TOLERÂNCIA ZERO

1- Quando te vêem deitado na sua cama, de olhos fechados, com a luz apagada e te perguntam:
- Você está dormindo?
- Não, tô treinando pra morrer!

2- Quando a gente leva um aparelho eletrônico para a manutenção e o técnico pergunta:
- Tá com defeito?
- Não, é que ele estava cansado de ficar em casa e eu o trouxe pra passear.

3- Quando está chovendo e percebem que você vai encarar a chuva, perguntam:
- Vai sair nessa chuva?
- Não, vou sair na próxima.

4- Quando você acaba de levantar, aí vem um idiota (sempre) e pergunta:
- Acordou?
- Não. Sou sonâmbulo!

5- Seu amigo liga para sua casa e pergunta:
- Onde você está?
- No Pólo Norte! Um furacão trouxe minha casa pra cá!

6- Você acaba de tomar banho e alguém pergunta:
- Você tomou banho?
- Não, mergulhei no vaso sanitário!!!

7- Você está na frente do elevador da garagem do prédio onde mora, chega alguém e pergunta:
- Vai subir?
- Não, não... Tô esperando meu apartamento descer pra me pegar.

8- O homem chega à casa da namorada com um enorme buquê de flores. Até que ela diz:
- Flores?
- Não, são cenouras!

9- Você está no banheiro, quando alguém bate na porta e pergunta:
- Tem gente?
- Não, é o cocô que está falando!

10- Você chega ao banco com um cheque e pede pra trocar:
- Em dinheiro?
- Não, me dá tudo em clips!!!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Agradeço a sujestão do tema que me foi pedida pela Josilma. E agora? rsrs

Creio que a paixão quando surge em nossas vidas, é tão intensa que se torna impossível dividi-la. Ficamos em um estado de tanta urgência e encantamento, que só conseguimos pensar em uma única pessoa. Mas, parece que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, sim. Vejamos: Segundo os psicólogos, é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, mas de formas diferentes. Isso porque há vários tipos de amor como o Eros (mais ligado ao físico e muito intenso), o Estorge (um amor que nasce de uma amizade, baseado em companheirismo) e o Pragma (ligado a interesses econômicos ou sociais). Todos já passaram por uma experiência em que se viu amando duas pessoas. O coração bate por um, mas talvez fosse ter uma vida melhor com o outro. É improvável estar apaixonado por duas pessoas. Se você está vivendo essa situação, os psicólogos sugerem dar tempo ao tempo. Deixar as idéias amadurecerem, já que parte do que sentimos está baseado em idealizações. Além disso, há uma dinâmica: uma das pessoas amadas pode agir de um forma inesperada ou deixar de gostar de você. Um estilo de amor vai preponderar e a decisão vai ser tomada. É esperar o desfecho... Amar duas pessoas ao mesmo tempo vai contra as convenções sociais. Se o comportamento poligâmico parte de uma mulher, então, sai de baixo! São poucas as que conseguem aceitar o sentimento, e menos ainda as que ousam lutar contra o estigma, entregando-se a amores simultâneos. Tema polêmico até nas telinhas. Os psicólogos dizem que no século XVIII, vendeu-se a idéia de que casamento e amor andam juntos. A fidelidade é, inclusive, defendida pela lei. Mas não dá para esperar que o amor vá durar o mesmo tempo que o casamento, pois ele é um sentimento, um ato de vontade. Para eles, no momento em que entendermos que um amor não anula o outro, muitos casamentos serão preservados: é possível amar uma pessoa, estar muito bem com ela, e, ainda assim, se encantar com outra. O amor não tem regra, nem hora para chegar. Mas, se partimos do pressuposto que só podemos amar uma pessoa, acabamos caindo no preconceito de achar que há alguma coisa errada para termos despertado para outro homem. Essa conclusão é perigosa, podendo levar a terminarmos uma relação muito boa. Polêmico para nós, o assunto não despertaria muito interesse em outras culturas. A exclusividade do coração pode ser pré-requisito em alguns relacionamentos, mas quando nos afastamos de nossa realidade, encontramos exemplos de poligamia espalhados pelo mundo. Dos haréns afegãos às famílias mórmons americanas, os homens parecem ter o aval para manter uma coleção de esposas. Em nossa sociedade, a monogamia é uma questão cultural, tendo inclusive apoio religioso. São tentativas de legislar sobre o desejo humano, e, principalmente, sobre a sexualidade feminina. A nossa cultura é monogâmica, e tem tradição cristã. Inserida nesse contexto, quando a pessoa se percebe amando duas, entra em conflito. hacs