quarta-feira, 30 de abril de 2008

Dez transtornos de Personalidade


A última edição do Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV-TR) apresenta dez transtornosde personalidade. À exceção do tipo narcisista, todos encontram-se, em essência, também na classificação internacional CID-10. Em certo sentido, a categorização é artificial. Os sintomas muitas vezes se sobrepõem, o que em geral conduz a diagnósticos múltiplos. Ainda assim, para oferecer uma idéia da amplitude desses distúrbios, é possível destacar alguns.

Anti-social: desconsideração com o outro e violação de direitos.
Boderline: instabilidade nos relacionamentos interpessoais e nos afetos, acentuada impulsividade.
Histriônico: emotividade excessiva e busca de atenção.
Narcisista: necessidade crônica de admiração e falta de empatia.
Paranóide: desconfiança e suspeita constante em relação aos outros.
Esquizóide: distanciamento dos relacionamentos sociais, expressão emocional restrita.
Esquizotípico: desconforto agudo nos relacionamentos íntimos, comportamento excêntrico.
Esquivo: inibição constante e hipersensibilidade a críticas.
Dependente: submissão, necessidade excessiva de proteção e cuidados.
Obsessivo compulsivo: perfeccionismo constante com organização e controle.

Pretendo abordar cada um dos transtornos em outra oportunidade.

terça-feira, 29 de abril de 2008

É o fim, ou a era do resgate?



Tentar acertar já é um bom começo. Qualquer coisa contrária é sinônimo de falta de humildade, falta de busca do auto conhecimento. Reconheço que é extremamente difícil seguirmos 24 horas por dia a nós mesmos. Esse reconhecimento já anda aliado com a humildade, que é o que penso está faltando e muito no ser humano. Há mais de dois mil anos atrás éramos convocados a amarmo-nos mutuamente. Não atendemos esse apelo. Hoje já seria muito bom se nos respeitássemos. Falta. Falta muito para nós. Percebo algumas trocas desonestas, caras, sem sentido... Entramos na era de pesarmos o mais e menos, divididos entre o que ganho e o que perco. Mas infelizmente, parece-me que o ser humano se encontra em liquidação. Falta-lhe o essencial, o primário, valores outrora companheiros do cotidiano. É a prostituição disfarçada de bem querer, é a prostituição disfarçada de carinhos forçados, de atenções pedidas. Hoje, talvez nos haja a necessidade do resgate de valores mais antigos que se perderam ante o degredo da Sociedade dita humana. Mas, mais parecida com um mundo cibernético sem nenhum firewal, anti vírus, anti spy a nos proteger. Ficou no tempo aquele tempo em que a palavra valia mais que um pedaço de papel. Hoje nem o que está escrito vale mais alguma coisa. É preciso fé. É preciso força. É preciso coragem. Falta equilíbrio. Estamos mais do que nunca divididos. E agora a cada dia surge na Psicologia, Psiquiatria mais patologias do que soluções. Fico também dividido quando me pergunto o que penso a respeito do que virá acontecer. É o fim ou entramos na era do resgate? - E respondo: Não sei.

domingo, 27 de abril de 2008

A casa que sonhei nunca ficou pronta

Na juventude, minha mãe era infeliz e não sabia, pois todas as suas forças eram convocadas para esquecer isso. Cantava Dalva, para desgosto de meu pai, e ria com medo se bem que ninguém era feliz naquela época. Não havia essa infelicidade esquizofrênica de hoje, mas era uma infelicidade tristinha, com lâmpada fraca, uma infelicidade de novela de rádio, de lágrimas furtivas, de incomprensões, de conceitos pobres para a liberdade. eu via as famílias; sempre havia uma ponta de silêncio, olhos sem luz, depois dos casamentos esperançosos com burguês arrojado para o futuro que ia morrendo aos poucos. Não era tristeza da pobreza, dava para viver com uma empregadinha mal paga, dava, mas era uma tristeza obrigatória, quase uma "virtude" que as famílias cultivavam, sem horizontes. Hoje vivemos essa liberdade desagregadora, com a esperança de paz da classe média destruída, vivemos o medo das ruas, das balas perdidas. Antes, minha mãe tinha a ilusão de uma "normalidade". Hoje, todos nos sentimos sem pai nem mãe, perdidos no espaço virtual, dos emails, dos contatos breves, da vida rasa sem calma. Na verdade, tenho vontade de telefonar, mas é para saber quem sou eu. E quando disserem "Quem fala", pensarei: "É o que me pergunto..." Mas sei que vou desligar dizendo: "Desculpe, é engano..."

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Palavras Decoradas

Quando pregadores jovens, quase adolescentes, e pastores e padres com notórias lacunas de saber bblico e teológico, mas com discurso afinado e bem decorado, chegam ao povo com palavras de ordem, algo errado acontece nas igrejas: JESUS ESTÁ ME DIZENDO. DEUS ESCOLHEU VOCÊ, ACEITE JESUS, ENTREGUE-SE A JESUS. VENCEDORES EM CRISTO. VITORIOSO. FIEL. ELEITO. ESCOLHIDO. DEUS QUER REALIZAR SUA OBRA EM VOCÊ. VOCÊ VENCERÁ O DEMÔNIO. DERROTE O SEU ENCOSTO. TARDE DA LIBERTAÇÃO. TERÇO DA LIBERTAÇÃO. TARDE DOS MILAGRES. São expressões que mexem com o povo, mas escondem manipulação. Deus nem sempre falou a tais pregadores. Muitos deles não ouviram nada. Nem sequer oraram naquela manhã, mas dizem que Deus lhes disse o que estão dizendo. Virou moda usar o nome de Deus para demonstrar eleição e autoridade. Jeremias, em todo capítulo 23 e em 14,14, foi duro contra tal tipo de profecia: - Não lhes falei, não os enviei e não os escolhi.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

"O Hino das Marcas" (Cante com a melodia do Hino Nacional)

Num Posto da Ipiranga, às margens plácidas,
De um Volvo heróico Brahma retumbante
Skol da liberdade em Rider fúlgido
Brilhou no Shell da Pátria nesse instante
Se o Knorr dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço Ford
Em teu Seiko, ó liberdade
Desafia nosso peito à Microsoft.
O Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp
Amil um sonho intenso, um rádio Philips
De amor a Lufthansa à terra desce
Intel formoso céu risonho Olympikus
A imagem do Bradesco resplandece
Gillete pela própria natureza
És belo Escort impávido colosso
E o teu futuro espelha essa Grendene
Cerpa gelada!
Entre outras mil é Suvinil, Compaq Armada.
Do Philco deste Sollo és mãe Doril
Coca Cola, Bombril!

domingo, 20 de abril de 2008

Almas em Desassossego....



Sempre fui um amante de muitas coisas, e entre elas está o estudo do Comportamento. Tudo isso data de muito cedo. Acreditem que até hoje não descobri em mim a razão para ao mesmo tempo em que me apaixono, recear o amor... Talvez o fato de amar é tão grandioso que chega a fazer-me um "mal" ou um bem tão grandioso que meu cérebro louco não liquidifica muito bem e faz com meu corpo físico entre em erupção somatizante, abatendo-me o que pouco de pele me resta. Talvez, não tenha eu deixado tão claro o que sucede comigo, talvez eu esteja não tão bem assim. Passei de uns trinta anos pra cá a colecionar palavras e/ou expressões que não gosto. E não passei a colecionar por conta própria, mas sim por razões outras que não é oportuno colocar aqui agora. Como colher de chá cito algumas:
- CLIMA, TENSÃO, POTENCIALIZAÇÃO DE PROBLEMAS, RAIVA, HIPOCRISIA etc... Substituí-las por outras que tornam mais fácil meu trabalho diário como curioso da área comportamental. Digo curioso, porque não tive coragem de encarar a UFMA até o final do Curso de Psicologia para tornar-me Doutor. Se o tempo voltasse a única coisa que eu faria diferente em relação a isso, seria não fazer aquele Maldito Vestibular em que eu roubei a vaga de alguém. Também não teria que ficar ouvindo a vida toda minha Mãe dizer: "Viu só, não quiseste acabar o Curso". E quando fico calado prá essas chamadas de atenção, sei no íntimo que estou desempenhando meu papel de Psicólogo do senso comum. Pois bem, queridos, acabei de assistir a entrevista do "Pai" e madrasta da Isabela, e nem um de vocês ficaram com dúvidas ou ficaram? De um lado um "homem" atônito, repetitivo e perdido; do outro lado uma "mulher" carregada até o gogó de mágoas, remorsos e medos. A expressão mais usada por esse Senhor foi: "Eu não entendo", "É isso que eu não entendo". Eu diria: Eu também não entendo. Não sou Psicólogo, e os que conheço também não entendem. Talvez quem sabe isso sirva de atenuante para ele. Por parte dela identifiquei o remorso e o arrependimento retratado nas lágrimas verdadeiras. Se não sou Psicólogo, saibam que Direito é uma área que jamais faria. Portanto nenhuma insinuação de Advogado, ainda mais do Diabo. O que é certo ou mais do que certo é que uma única explicação "iluminaria" as dúvidas. São mentes em desassossego ou em espasmos de desassosego. Faltou vigilância, mas não no prédio, mas na alma, no Espírito. Se traçassemos um exemplo através de um desenho onde puséssemos a desenhar uma vila, certamente as casas não teriam muros. Tudo porque quando nos pomos a escrever, desenhar colocamos no papel a revelação do nosso melhor inconsciente. No meu desenho não tem muro, porque minha alma, meu espírito só delimita fronteira entre o bem e o mal. Não são senão nossas almas que precisam de presente vigilância. É certo dizer que quem mata também ama, mas não diria que quem ama mata o ser amado. Mas se assim o faz, necessariamente idendificamos o desassossego Espiritual. Porque a consciência que nos cobra e que sabe nossa verdade não entra em desassossego jamais. É uma implacável agenda acionada sem nossa permissão, a nos cobrar a remissão que certamente virá em mais um "mistério" assinado por Deus, e em uma pena imputada pelo Homem. Valerá a pena saldar os débitos. Sempre é todo dia.

Frios e Dissimulados (Por VEJA)


O "monstro" que matou a menina Isabella e que seu pai, Alexandre Nardoni, em carta divulgada à imprensa, prometeu não sossegar até encontrar estava, afinal, diante do espelho. E a mulher, que também em carta afirmou ser a criança "tudo" na sua vida, ajudou a matá-la com as próprias mãos. Tal é a conclusão a que chegaram os responsáveis pelo inquérito policial que apura o assassinato de Isabella Nardoni, de 5 anos, ocorrido no dia 29 de março. A polícia está convencida de que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá combinaram jogar Isabella pela janela na tentativa de encobrir o que supunham já ser um assassinato. Para os investigadores, Anna Carolina Jatobá asfixiou Isabella ainda no carro, no trajeto entre a casa dos pais dela e o apartamento da família. A menina ficou inconsciente e o casal achou que ela estava morta. Na sexta-feira, vinte dias depois da morte de Isabella, Nardoni e Anna Carolina foram indiciados por homicídio doloso e co-autoria de homicídio. A investigação que culminou no indiciamento do casal foi realizada por investigadores do 9º Distrito Policial de São Paulo. Ela não ficou a cargo da Delegacia de Homicídios porque se achou por bem manter no caso os policiais que a iniciaram. Com isso, ganhou-se em precisão. "Fizemos um trabalho sem pressa e sem pressão, privilegiando o aspecto técnico do caso", diz o delegado Aldo Galiano, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Não se sabe ainda o que motivou o crime, mas é certo que a brutalidade a que Isabella foi submetida no dia de sua morte teve início mais cedo do que se pensava até agora. Por volta das 21 horas do dia 29 de março, poucas horas depois de Nardoni e a mulher, aparentemente tranqüilos, terem sido filmados com os filhos fazendo compras em um supermercado de Guarulhos, a família compareceu a uma festa no salão do prédio onde moram os pais de Anna Carolina. Isabella correu e brincou na companhia de outras crianças, conforme imagens registradas por uma das dezesseis câmeras instaladas no edifício. Em determinado momento, como disseram à polícia testemunhas presentes à festa, a menina fez algo que enfureceu o pai. Nardoni, então, gritou com ela e lhe deu um safanão. Isabella caiu no chão e começou a chorar. Nesse momento, Nardoni, segundo as testemunhas ouvidas pela investigação, disse à filha: "Você vai ver quando chegar em casa". A ameaça começou a ser cumprida já no carro. No assoalho e no banco de trás do Ford Ka de Nardoni, a polícia encontrou marcas de sangue compatíveis com o de Isabella. Segundo os investigadores e os peritos, ela foi espancada e asfixiada pela madrasta no interior do veículo. Como sangrava ao chegar ao prédio, o casal usou uma fralda de pano para embrulhar e levar a menina desacordada até o apartamento, evitando, assim, que o sangue pingasse no chão da garagem e do elevador. No apartamento, o casal discutiu sobre o que fazer com Isabella. Por acreditarem que ela estava morta, ambos chegaram à decisão de simular um assassinato cometido por um invasor. O rosto sujo de sangue da menina foi limpo com uma toalha. Nardoni, então, cortou a tela de proteção da janela de um dos quartos e arremessou a filha para a morte. Quando foi lançada, Isabella estava viva, em estado de letargia por causa da asfixia sofrida no carro. Em seguida, o casal deu início a seu espetáculo de frieza e dissimulação. lexandre Nardoni, de 29 anos, sempre teve uma vida confortável. Quando era estudante de faculdade, tinha um Vectra último modelo, comprado pelo pai, e uma moto esportiva Honda CBR 900 RR (hoje avaliada em 60 000 reais). Era dono de uma concessionária de motos e fazia estágio no escritório do pai, o advogado tributarista Antonio Nardoni. Apesar de ter se formado em direito em 2006 pelas Faculdades Integradas de Guarulhos, Nardoni ainda está impedido de exercer a advocacia, já que fracassou nas três tentativas de passar no exame da OAB: em abril e em agosto de 2007 e em janeiro deste ano. Em todas as ocasiões, foi reprovado ainda na primeira fase das provas. Nardoni se apresentava como "consultor jurídico" e dizia trabalhar no escritório de Antonio Nardoni, localizado no bairro de Santana, Zona Norte de São Paulo. Mas tanto funcionários do prédio onde fica o escritório quanto um vizinho de porta do advogado afirmaram nunca ter visto Alexandre Nardoni por lá. Amigos dizem que o sustento do rapaz e de sua família ainda provinha do pai. O apartamento na Zona Norte de São Paulo em que Nardoni morava com a mulher e os dois filhos – com três quartos, piscina, sauna, quadra poliesportiva e sala de ginástica, avaliado em 250.000 reais – também foi presente de Antonio Nardoni.

Na época em que Alexandre Nardoni começou a namorar Ana Carolina Oliveira, a mãe de Isabella, tinha 21 anos de idade e fama de "filhinho de papai", como dizia, em tom jocoso, a mãe de Ana Carolina, Rosa Maria Cunha de Oliveira, que no princípio não aprovou o namorado da filha. Três anos depois, durante a gravidez de Ana Carolina, Nardoni entrou na faculdade e conheceu Anna Carolina Jatobá, com quem passou a manter um romance paralelo. Em depoimento à polícia, a mãe de Isabella afirmou que a relação com Nardoni terminou em 2003 porque ela "teve a certeza e a convicção" de que o namorado a estava traindo. Com a madrasta de Isabella, Nardoni sempre teve uma relação tumultuada. Amigos e vizinhos relatam episódios de ciúme e agressão entre os dois. Se Nardoni tinha fama de briguento, Anna Carolina é freqüentemente descrita como "esquentada". Algumas vezes, era ela quem começava a bater no marido, segundo afirmaram à polícia vizinhos do prédio em que o casal morou antes de se mudar para o edifício em que Isabella morreu. Anna Carolina, ela própria, não vinha de uma família que se poderia chamar de harmoniosa. O pai, Alexandre Jatobá, responde a nove processos na Justiça (a maioria por não pagamento de dívidas e um por furto de energia). Em duas ocasiões, em 2004 e 2005, a própria Anna Carolina prestou queixa à polícia contra o pai por lesão corporal, injúria e ameaça. Um ex-empregado de uma loja de carros que Jatobá teve em Guarulhos descreve o ex-patrão como "um homem muito nervoso".

Em depoimento à polícia, Ana Carolina Oliveira, a mãe de Isabella, disse que a filha nunca reclamou de maus-tratos por parte do pai ou da madrasta. Mas falou de dois episódios que sugerem que o casal, ao menos por duas vezes, maltratou seus dois filhos. Ambos teriam sido relatados a ela por Isabella. O primeiro dá conta de que Anna Carolina, em meio a uma discussão com o marido, motivada por ciúme, "jogou sobre a cama" o filho Cauã, de 11 meses, antes de partir para cima de Nardoni, furiosa. A criança teria começado a chorar e Isabella a acudiu. No outro episódio, Nardoni teria suspendido o filho mais velho, Pietro, de 3 anos, no ar e o soltado no chão, como forma de repreendê-lo por ter beliscado Isabella. Ainda que tenha presenciado esses episódios, Isabella não se sentia mal ao lado do pai e da madrasta. Mesmo pessoas ligadas à família de Ana Carolina Oliveira, mãe da menina, concordam que Isabella gostava do pai e da madrasta e afirmam que ela pedia para ser levada à casa deles. Isabella tinha especial afeição por Pietro, que estudava na mesma escola que ela.

Dois dias antes de Isabella morrer, a pedido dela, Pietro foi pela primeira vez à casa da irmã. Foi a avó materna da menina, Rosa Maria Cunha de Oliveira, quem contou o episódio a uma amiga. "Rosa disse que a Isa havia ficado muito feliz com a visita do irmãozinho", relata a amiga. Inicialmente, contou Rosa a ela, o pai da menina não queria permitir a visita, mas, diante da insistência de Isabella, concordou com o pedido e Pietro passou o dia na casa da irmã. Lá, sob a supervisão de Rosa, as duas crianças comeram pizza e brincaram. Isso aconteceu na quinta-feira. No sábado, Isabella foi morta. Pelo que foi possível reconstituir do crime até agora, a polícia acredita que Pietro assistiu a boa parte dos episódios que resultaram na morte da irmã. A delegada Renata Pontes, assistente no inquérito que investiga o caso, queria ouvir o menino, mas o Ministério Público foi contrário à idéia.


Ao longo do inquérito que investiga o assassinato de Isabella, a delegada Renata acabou ficando próxima de Ana Carolina Oliveira, que lhe telefona todas as noites para saber do andamento das investigações sobre a morte da filha. Nessas ligações, Ana Carolina, que poucas vezes foi vista chorando em público, cai freqüentemente em prantos. Sua mãe, Rosa, contou na semana passada à mesma amiga que chegou a sair de casa um dia desses por não suportar assistir ao sofrimento da filha, que chorava compulsivamente enquanto recolhia objetos de Isabella pela casa. "Ela disse que Ana Carolina apanhava coisa por coisa: até uma presilha da menina que estava caída na garagem", disse a amiga. Rosa contou ainda que se sente aflita pelo fato de Ana Carolina "não se abrir com os pais e os irmãos". "Ela disse que a filha não comenta o que está acontecendo ou o que está sentindo. Fala só de coisas do passado: lembranças de festas de aniversário de Isabella, dos momentos que elas passaram juntas."

Ana Carolina, que é bancária, já voltou a trabalhar. Por iniciativa da sua chefia, ela foi temporariamente afastada dos serviços de atendimento ao público e está incumbida de atividades administrativas. Entre 2004 e 2006, a mãe de Isabella estudou na Universidade Nove de Julho, onde se graduou no curso de formação específica em administração de recursos humanos. Durante o curso, além de trabalhar em empresas da área, ela vendia roupas e bijuterias para reforçar o orçamento. No início da manhã de sexta-feira, data em que Isabella completaria 6 anos de idade, Ana Carolina visitou o túmulo da filha pela primeira vez.

A polícia tenciona pedir a prisão preventiva de Nardoni e Anna Carolina. Se condenados ao final do processo, a morte de Isabella não será a única e aterradora culpa que carregarão. Eles são pais de duas crianças, cuja vida estará para sempre marcada pelas cenas a que elas – muito provavelmente – assistiram aterrorizadas.

O CRIME PASSO A PASSO:

FATO: Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acompanhados dos dois filhos e de Isabella, participaram de uma festa no prédio onde moram os pais de Anna Carolina, em Guarulhos. A comemoração se deu por volta das 21 horas no salão de festas. Em dado momento, Nardoni se enfureceu com o que seria uma má-criação de Isabella. Gritou com ela e lhe deu um safanão. A menina caiu no chão. Ainda nervoso, ele disse à filha chorosa: "Você vai ver quando chegar em casa"

EVIDÊNCIA: câmeras do prédio dos pais de Anna Carolina registraram imagens de Isabella brincando na festa. A agressão de Nardoni foi presenciada por convidados que prestaram depoimento à polícia.

FATO: já no carro, de volta para casa, Nardoni e Anna Carolina começaram a espancar Isabella. A madrasta asfixiou-a a ponto de a menina desmaiar. Quando chegaram ao prédio, Isabella sangrava. O casal embrulhou a menina em uma fralda de pano para evitar que o sangue pingasse no trajeto até o apartamento

EVIDÊNCIA: a convicção de que Isabella já subiu ferida se deve ao fato de a perícia ter detectado marcas de sangue no carro de Nardoni. O DNA do sangue é o mesmo de Isabella. Também foram encontrados no carro fios de cabelo da menina com bulbos. Isso significa que ela teve os cabelos puxados com força. O tamanho das marcas no pescoço de Isabella é compatível com o das mãos de Anna Carolina. A polícia encontrou a fralda que foi usada para envolver a menina lavada e pendurada no varal do apartamento – mas ainda foi possível encontrar vestígios de sangue.

FATO: o casal entrou em casa com Isabella no colo de Nardoni. O sangue começou a pingar já no hall do apartamento

EVIDÊNCIA: a perícia detectou marcas de sangue de Isabella em vários lugares: no hall, na entrada do apartamento, no corredor, no quarto da menina e no quarto dos irmãos. Também havia sinais de sangue na sola do sapato de Anna Carolina

FATO: Anna Carolina e Nardoni iniciaram uma feroz discussão. Decidiram, então, simular um crime cometido por um suposto invasor. A polícia não encontrou indício nenhum da presença de um terceiro adulto no apartamento

EVIDÊNCIA: vizinhos relataram à polícia ter escutado gritos e palavrões proferidos por Anna Carolina.

FATO: com uma faca e uma tesoura, Nardoni cortou a tela de proteção do quarto dos meninos. Antes disso, limpou com uma toalha, que depois foi lavada, o sangue que escorria de um corte na testa de Isabella

EVIDÊNCIA: a perícia encontrou resíduos de tela na roupa que Nardoni usava naquela noite e vestígios do sangue de Isabella na toalha lavada e pendurada no varal.

FATO: Nardoni jogou a filha pela janela

EVIDÊNCIA: a perícia concluiu que é do seu chinelo a pegada encontrada no lençol da cama próxima à janela. Ele apoiou um dos pés na cama para lançar a filha. O buraco está a 1,60 metro de altura do chão, altura aproximada de Anna Carolina. A perícia concluiu que só alguém mais alto do que ela, como Nardoni, teria força suficiente para erguer Isabella, que pesava 25 quilos e media 1,13 metro de altura, até o buraco na tela.

FATO: assim que Isabella caiu, Anna Carolina telefonou para o pai. Em seguida, Nardoni ligou para o seu e só então desceu para ver a filha caída

EVIDÊNCIA: os registros das ligações feitas pelo casal mostraram que não houve tentativa de pedir socorro médico. O resgate foi solicitado por vizinhos.

FATO: Anna Carolina desceu em seguida, com seus dois filhos, e começou a gritar que o prédio não tinha segurança. Dirigiu palavrões a todos à sua volta e chamou o marido de "incompetente"

EVIDÊNCIA: vizinhos relataram a cena em depoimento à polícia.

FATO: os bombeiros chegaram e tentaram reanimar Isabella. A menina foi declarada morta a caminho do hospital.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Minha hora está chegando prá falar sobre mais uma loucura

ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

Para a Polícia Civil de São Paulo e para o Ministério Público Estadual não há mais dúvidas: a menina Isabella Nardoni, 5, foi atirada do sexto andar do Edifício London, na noite de 29 de março, por seu pai, o estagiário de direito Alexandre Alves Nardoni, 29.

Com base em dados preliminares elaborados por peritos do IC (Instituto de Criminalística) e de legistas do IML (Instituto Médico Legal), os delegados e investigadores do 9º DP (Carandiru) responsáveis pelo esclarecimento do assassinato da criança também têm outra convicção: Nardoni jogou a filha do seu apartamento após a madrasta da menina, Anna Carolina Trotta Jatobá, 24, ter tentado asfixiá-la.
Ana Carolina Cunha de Oliveira e a filha, Isabella, 5, que foi jogada do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo
Nas próximas horas, os responsáveis pelo caso pedirão à Justiça a prisão preventiva do casal. O juiz do 2º Tribunal do Júri, Maurício Fossen, o mesmo que decretou no começo do mês a prisão temporária --por 30 dias-- de Nardoni e de Anna, será o responsável pela análise do pedido da preventiva, já com base nas individualizações das ações de cada um na morte de Isabella.

Para peritos, legistas, investigadores e delegados, as agressões de Anna contra Isabella naquela noite de 29 de março fizeram com que ela desfalecesse, passando a impressão de que ela havia morrido. Na seqüência, ainda na interpretação dos responsáveis pelo caso, Nardoni a jogou pela janela e começou a tentar simular a invasão de seu apartamento.

Até o final da tarde desta terça, o advogado do casal Marco Polo Levorin não havia sido localizado pela reportagem para manifestar-se sobre a individualização do crime, segundo a polícia.

O relatório que a polícia irá apresentar à Justiça para o pedido da prisão preventiva do casal já está praticamente pronto. Somente os espaços para a indicação e descrição de cada um dos laudos que ajudaram a polícia a formar a convicção contra Nardoni e Anna estão em branco no documento.

Um dos laudos mais aguardados é o que apontará que, no momento em que Isabella foi jogada do apartamento do pai, tanto Nardoni quanto Anna estavam no local.

Outro documento dos peritos do IC será usado pelos policiais para afirmar à Justiça que Nardoni carregou Isabella no colo dentro do seu apartamento, após ela ter sofrido as agressões por parte da madrasta e ficar com um corte de aproximadamente dois centímetros na testa. A posição das gotas de sangue nos diversos cômodos do lugar dirão aos policiais qual o trajeto do pai com a menina no colo.

sábado, 12 de abril de 2008

Parafernálias Entrevista Dr. Lie Cerqueira

Depois de dias cansativos na Cidade de poção de Pedras, chegou a São Luís o famoso Dr. Lie Cerqueira, que educadamente aceitou conceder-nos esta entrevista. O Dr. Lie marcou nosso encontro em seu Consultório localizado no Renascença III. Pontualmente as 15.00h estava eu lá. Muito bem recepcionado com um aguardente chamado peixe vivo, acompanhado com alguns torresminhos. E assim começamos nossa tão esperada entrevista, que segue abaixo:Parafernálias- Dr. Lie, como foi sua experiência como camelô? Dr. Lie - Meu filho, me surpreende tal pergunta. Se você ver meu sucesso como Médico, saiba que tudo devo ao Camelorismo (ufa).Parafernálias - O Sr. trabalhou também como vendedor de livros? Dr. Lie - Claro. Todos que meu pai me dava, eu tratava de passar prá frente. Sempre soube que eu era um Super dotado (ai, que calça apertada). Parafernálias - Como foi sua experiência na Bolivia?Dr. Lie - Ótima, ótima. Foi lá que aprendi português, foi lá que aprendi a colher árvores, foi lá (emocionado) foi lá... Parafernálias- O Sr. tem filhos? Dr. Lie- Sim. O Cry Cerqueira e a Liecrya Cerqueira. Parafernálias- E o que eles fazem? Dr. Lie - O Liezinho está fazendo supletivo na Bolivia e a Liecrya é dançarina de Funk. São um sucesso. Parafernálias - Dr. vamos fazer um bate bola? - Dr. Lie - Bola agora meu filho? Cê tá louco!Parafernálias- Não Dr. Quero dizer: perguntas diretas, jogo rápido. Dr. Lie- ah! sim, tudo bem. (nesse momento Dr. Lie toma mais um Lexotan). Parafernálias-Uma cor? - Dr. Lie- Verde - Parafernálias - por que? - Dr. Lie - Porque você pediu uma só. Parafernálias - Um perfume? - Dr. Lie - Fogo Noturno (Vendia na Lobrás, mas agora tenho que importar). - Parafernálias- Um esporte? - Dr. Lie - Par ou ímpar. Parafernálias- Cantores que o senhor mais gosta. Dr. Lie-ah! meu filho são muitos. Gosto do Maria Bethânia, Ana Carolina, Joana, Zélia Duncan, ângela Rorô etc - Parafernálias- Cantoras que o Sr mais gosta? - Dr. Lie-Agnaldos, Ney Matogrosso, Rick Varley, Emílio Santiago.... Parafernálias- Dr., desculpe mas parece que o Sr. trocou, onde eu perguntei cantores o Sr. respondeu cantoras e vice versa. Dr. Lie-Meu filho (exaltado) o Médico aqui sou eu ou o senhor? - Parafernálias-desculpa Dr.Parafernálias- Uma mulher bonita? - Dr. Lie-A minha querida Cry (esposa)Parafernálias- Um homem bonito? - Dr. lie - Eu - Parafernálias- Seu time? - Dr. Lie - A Bolívia querida. Parafernálias- ah o Sr. torce pro Sampaio Correa - Dr. Lie- Meu amigo, estou falando dá Seleção Boliviana. (Putz). Parafernálias-Dr. o Sr. gosta de televisão? Dr. Lie- Sim, muito. Meus programas preferidos são: Márcia, A tarde é sua, Roletrando e o Gugu. Parafernálias- Dr. Lie, ficamos muito agradecidos pela sua entrevista e gostaríamos que o Sr. deixasse uma mensagem final pros nossos leitores. Dr. Lie- Pois bem, ainda bem que acabou. Mas digo aos leitores que nunca fui muito bom prá dar mensagens não. Se vocês quiserem receber mensagens, aconselho a todos vocês procurarem um desses serviços por telefone que faz esse serviço. parece que eles cobram, e se eles cobram não seria eu que não iria cobrar. Muito obrigado, tenho dito!!!!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Auto estima


Cada pessoa pensa sente, fala e se movimenta da maneira que lhe é própria e que corresponde à imagem que faz de si mesma. Essa auto-imagem sempre tem aspectos físicos, sociais ou intelectuais. Nem sempre, porém, ela reflete essa dimensão múltipla. Com freqüência, misturam-se todas as sensações num pacote único, perdendo-se a amplitude da personalidade, o que acaba por traduzir uma auto-estima sem muita estima.Auto-estima significa gostar de si mesmo. O primeiro passo para isso, portanto, é se conhecer. Não posso amar nem dar valor ao que não conheço, pois corro o risco de fazer uma análise ruim da minha pessoa, se a base vem de valores que não são meus, mas dos outros: são do mundo e esse mundo adora pendurar os valores em lugares tão altos, que nunca são alcançados.E como é fácil para as pessoas caírem nas armadilhas do "eu não valho nada!" Se não possuo o corpo perfeito, se não sou tão inteligente como fulana, se não causo uma impressão em todos os homens da festa quando entro, então não devo ser grande coisa. Não vale a pena gostar de mim e nem investir na vida e nas relações.Quando a auto-estima é negativa, baixa, o crescimento fica estagnado, a coragem diante da vida diminui, desistimos até de arriscar coisas novas, de sonhar. Por isso, diz-se que a auto-estima é um valor de sobrevivência.
Se nessa autoconsideração, ao contrário, se consegue ter sentimentos de aceitação e aprovação a respeito da própria aparência, pensamentos e capacidades, a predisposição para ser bem aceita e recebida será maior. Ao estabelecer contatos, esses sentimentos farão parte da nossa atitude. E a nossa crença sobre nós mesmos é o que passamos aos outros. Se eu sei que sei, começo a acreditar nisso e crio confiança para agir conforme a minha verdade e vou em frente! E da autoconfiança para o auto-respeito é um passo. A pessoa com auto-estima elevada é comumente considerada egoísta. Parece que, infelizmente, na nossa língua, ter amor-próprio significa excesso de vaidade e arrogância, quando deveria ser o mesmo que gostar corretamente...Gosto de uma definição, do psicólogo Carl Rogers: pessoa significativa, que conhece o seu próprio significado e SABE que significa muito. Saber se dar valor abre um mundo novo de relacionamentos com pessoas semelhantes, mais respeitosas, confiantes e hábeis, pois nos tornamos mais abertos e mais claros. Evita-se também assim aqueles com "baixa -estima", que rodeiam a vida, e a intoxicam em vez de alimentar.Muita gente querem encontrar a "pessoa certa". Só podemos encontrar a pessoa, a vida e a atitude certas quando acharmos que nós somos a pessoa certa!
Lembre-se: Ame-se primeiro e muito! Se dê colo, força, apoio, faça mimos a você se dê conforto e bem estar!Você merece! Tenha certeza que assim, será impossível alguém não amar você! Com mais amor ainda, vocês irão somar e não dividir!
Afinal, amor nunca é demais!!!!

Frases para levantar auto estima

Abandonar a vida por um sonho é estimá-la exactamente por quanto ela vale.Michel de Montaigne
Determinação coragem e auto confiança são fatores decisivos para o sucesso.Se estamos possuidos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los.Independentimente das circustancias,devemos ser sempre humildes,recatados e despidos de orgulho.Dalai Lama
A Auto-estima é o que há de mais divino no ser humano. Pois, quando nada lhe resta, resta-lhe a si mesmo".Cíntia Salvato
O amor, para durar, tem de ser também confiança, também estima. Isto é, deve adquirir algumas das propriedades da amizade.Francesco Alberoni
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando....Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive , já morreu...Luiz Fernando Veríssimo
A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio.Carlos Drummond de Andrade
O homem que tem confiança em si ganha a confiança dos outros.Textos Judaicos
A paz da consciência é o maior de todos os dons. Uma pessoa com a consciência limpa não tem motivos para temer os espectros.Lin Yutang
Se você não se valorizar, chegará uma hora em que todos acreditarão em você. O contrário também é válido.Jefferson Luiz Maleski
Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.Gabriel Garcia Marquez
Coloque a lealdade e a confiança acima de qaulquer coisa; não te alies aos moralmente inferiores; não receies corrigir tues erros.Confúcio
É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos.Orson Welles
A confiança que temos em nós mesmos, reflecte-se em grande parte, na confiança que temos nos outros.François La Rochefoucauld
O mais importante para o homem é crer em si mesmo. Sem esta confiança em seus recursos, em sua inteligência, em sua energia, ninguém alcança o triunfo a que aspira.Thomas Atkinson
Teria maior confiança no desempenho de um homem que espera ter uma grande recompensa do que no daquele que já a recebeu.Voltaire
Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.Friedrich Nietzsche
Os homens que só pelo seu esforço não são capazes de ganhar a estima dos outros nem a de si próprios, procuram elevar-se opondo aos defeitos dos vizinhos os defeitos que por acaso não têm.Ugo Foscolo
Presta confiança às ações dos homens, mas não ao que eles dizem.Demófilo
Somos tão presunçosos que desejaríamos ser conhecidos em todo o mundo... E tão vaidosos que a estima de cinco ou seis pessoas que nos rodeiam, nos alegra e nos satisfaz.Blaise Pascal
"Com o Câncer você perde tudo, perde o auto domínio, mas não perde a FÉ. O CÉU é pra quem SONHA grande , AMA grande e tem a CORAGEM de VIVER PEQUENO!!!!”Pe Léo

terça-feira, 8 de abril de 2008

Por que coisas ruins acontecem às pessoas boas?

Quantos de nós não já fizemos essa pergunta? Com certeza muitos. Eu, particularmente penso que pelo simples fato da pessoa ser boa, não está isenta de que coisas ruins lhe aconteça. Talvez aí caiba mais uma argumentação: É justo? - Sinceramente não sei responder, tal condição vai além do meu entendimento, ultrapassando os limites da minha pseuda inteligência. Mas como tudo isso mexe comigo há bastante tempo, fui procurando paliativos que acalmassem minha alma. Pois percebi que quando em algum momento de nossas vidas começamos a fazer esse tipo de questionamento, já sabemos nos colocar como maus ou bons. Sendo assim passamos por diversas fases que enumero da seguinte forma: 1-Porque essas coisas me acontecem? - 2-Porque Fulano é tão mau e só coisas boas lhe acontecem? - Percebo que este é o nosso pensamento primário, mas como em tudo, nos vem a evolução e passamos para um estágio 2 onde evoluímos deixando os "maus" de lado, não nos importando com o que de bom lhes aconteça. Estivemos anteriormente na verdade revoltados, quando tudo nos parecia às avessas. O bom e o bem para os maus, e o mau e ruim para os bons. Então percebo que não tive, não tenho como fugir da minha única saída que ontem, que hoje acalenta meu Espírito: O fato de sermos bons não nos isenta de que coisas ruins nos aconteçam. Paradoxamente, parece uma matemática onde dois e dois são cinco. Penso que somos cobrados ainda mais pelo simples fato de sermos bons (Teste de Perseverança). Sofremos porque amamos, e alguns para tentar se livrar do sofrimento tem buscado deixar de amar as pessoas e as coisas da vida. Mas nós não fazemos assim ! não desistimos de amar, porque desistir de amar é como desistir da vida, desistir de amar é como desistir de ser ! amar é a essência da vida com o próximo e com Deus, e com certeza este amor quanto mais intenso for, mais vai envolver dor e sofrimento que vem acompanhando o gozo da troca do amor com o próximo. E nesta jornada de amor, percebemos que quando o que amamos nos é tirado por alguma razão, ou sem nenhuma, nossa fragilidade vem a tona, nossa dependência de Deus vem a tona, e percebemos que a dor é um caminho seguro para nos ensinar a depender de Deus. Aproveito para quase parafrasear um grande filósofo que falou mais ou menos assim " Não importa o que fizeram comigo, mas sim o que vou fazer do que fizeram comigo". Somos únicos, somos bons. Pra você que sugeriu este tema, gostaria de falar-te o quanto o admiro, o quanto o respeito. Considerando-me uma pessoa boa e também as vezes vítima de coisas não tão boas assim, saiba que estamos no mesmo barco e que esse barco não é tão seguro assim, mas somos mais fortes que ele. Um abração! - Segue um texto abaixo, talvez Filosófico demais....

Por que (Quando) coisas ruins acontecem a pessoas boas


Acaso viveríamos num mundo melhor se os favoritos de Deus ficassem imunes às leis da natureza, enquanto o resto teria que se arranjar por conta própria?


Não sei por que uma pessoa fica doente e outra não, mas suponho que algumas leis naturais que ignoramos estão em ação. Não consigo aceitar a idéia da doença “enviada” por Deus a alguém em especial por uma razão determinada. Não acredito que Deus tenha semanalmente uma quota de tumores malignos a distribuir ou que consulte Seu computador para saber quem merece mais ou quem pode suportar melhor. “Que fiz eu para merecer isto?” é um grito compreensível da parte de um enfermo ou de um sofredor, porém a pergunta está realmente mal formulada. Ficar doente e ter saúde não é decidido por Deus conforme nosso merecimento. A formulação melhor é: “Se isto me aconteceu, que faço eu agora e quem está aí para me ajudar?” (...) torna-se muito mais fácil levar Deus a sério como uma fonte de valores morais quando não o responsabilizamos por todas as injustiças que existem no mundo.


Para sermos livres, para sermos humanos, Deus é obrigado a nos dar liberdade para o bem e para o mal. Não fôssemos livres para escolher o mal, tampouco o seríamos para escolher o bem. Como os animais, seríamos apenas convenientes ou inconvenientes, obedientes ou desobedientes. Não teríamos características morais e muito menos poderíamos possuir características humanas.


Nossa liberdade moral significa que, se escolhemos o egoísmo e a desonestidade, podemos ser egoístas ou desonestos, e Deus não nos deterá. Se desejamos apropriar-nos de algo que não é nosso, Deus não afasta nossa mão do objeto alheio. Se desejamos ferir alguém, Deus não intervém para nos impedir de fazê-lo. Tudo o que Ele faz é dizer-nos que certas coisas são erradas, avisando-nos de que nos arrependeremos de fazê-las, e esperar que, se não levarmos a sério Sua palavra, acabemos por aprender por nossa própria experiência.

Deus Se impôs um limite além do qual Ele não intervém, para preservar nossa liberdade, inclusive a liberdade de nos machucarmos ou àqueles com os quais convivemos. Em Seu desígnio, o Homem evoluiu moralmente livre, e não há retrocesso no relógio evolutivo.
Por que, então, coisas ruins acontecem a pessoas boas? Uma das razões é que nossa condição de seres humanos nos deixa livres para ferirmos uns aos outros, e Deus não pode deter-nos sem retirar-nos a liberdade que nos torna humanos. Os homens podem trapacear, roubar e ferir uns aos outros, e Deus limita-se a observar com piedade e compaixão o quão pouco nós aprendemos, no decorrer dos séculos, sobre como os seres humanos devem comporta-se.

Orar pela saúde de uma pessoa, pelo resultado favorável de uma operação tem implicações que só podem preocupar a alguém que pensa. Se a oração funcionasse como muitas pessoas acham, ninguém morreria, porque nenhuma oração é feita com maior sinceridade que aquela pela vida, pela saúde e pela recuperação de uma doença, por nós ou pelos que amamos.

Existem diversas maneiras de responder a alguém que pergunta: “Por que não obtive aquilo por que orei?” E a maioria das respostas são problemáticas, conduzindo a sentimentos de culpa, ou raiva ou desesperança.

Podemos mudar nosso entendimento do que significa orar e do que significa serem nossas orações atendidas.

Tampouco, como já sugerimos, podemos pedir a Deus que mude as leis da natureza, que torne condições fatais menos fatais ou que mude o curso inexorável de uma doença. Por vezes milagres acontecem. Malignidades misteriosamente desaparecem, pacientes incuráveis se recuperam, e os médicos, perplexos, atribuem-no a um ato de Deus. Tudo o que podemos fazer em tais casos é acompanhar a gratidão confusa do médico. Não sabemos por que uns se recuperam espontaneamente de doenças que matam ou aleijam outros. Não sabemos por que certas pessoas morrem em desastres de carro ou avião, enquanto outras, sentadas ao seu lado, se salvam com poucos ferimentos ou queimaduras, além de um grande susto. Não posso acreditar que Deus ouça as orações de uns e não as de outros. Não haveria qualquer razão para Ele assim proceder. E as mais minuciosas pesquisas nas vidas das pessoas que morreram ou que sobreviveram não nos ensinariam a viver ou a orar de modo a merecermos também nós os favores de Deus.
Quando os milagres se realizam e as pessoas superam os piores obstáculos à sua sobrevivência, deveríamos ser aconselhados a nos curvar diante do milagre e não a pensar que foram nossas orações, donativos e penitências que o causaram. Quando tentarmos outra vez, talvez não entendamos por que nossas orações sejam ineficazes.

Finalmente, não podemos pedir a Deus em oração que faça algo que está dentro das nossas possibilidades, para nos evitar o incômodo de fazê-lo.

Se não podemos orar a Deus pelo impossível ou pelo que não é natural, se não podemos orar no sentido de vingança ou irresponsabilidade, pedindo a Deus para levar a cabo o que compete a nós fazer, o que sobra para pedirmos em oração?

A oração, quando feita de maneira correta, redime as pessoas do isolamento. Dá-lhes a certeza de que não precisam sentir-se sós e abandonadas. Leva-as ao conhecimento de que fazem parte de uma realidade maior, de maior profundidade, maior esperança, maior coragem e mais futuro do que qualquer indivíduo poderia ter por si próprio.

Além de nos colocar em contato com outras pessoas, a oração nos coloca em contato com Deus. Não estou certo de que a oração nos coloca em contato com Deus do modo como muita gente pensa que ela faz – abordando a Deus como um suplicante, como um mendigo pedindo favores, ou como um freguês apresentando-Lhe uma lista de compras e indagando quanto custa. O objetivo principal da oração não é pedir a Deus para mudar as coisas. Se chegarmos a entender o que a oração pode e deve ser e nos livrarmos de algumas expectativas irrealísticas, estaremos em melhores condições de recorrer à oração e a Deus, quando mais estivermos necessitados.

Este é o tipo de oração a que Deus responde. Não podemos orar para que Ele torne nossas vidas livres de problema; isto não acontecerá, e será o mesmo que não orar. Não podemos pedir-Lhe que nos livre a nós e àqueles que amamos da doença, porque Ele não pode fazer isto. Não podemos pedir-Lhe que estenda uma rede mágica ao nosso redor, de modo que as coisas ruins só atinjam às outras pessoas, nunca a nós. As pessoas que rezam por milagres normalmente não conseguem milagres, como as crianças que rezam por bicicletas, por boas notas ou por namorados não os conseguem através de suas orações. Mas aqueles que oram por coragem, por fortaleza para suportar o insuportável, em agradecimento pelo que lhes foi deixado frente ao que lhes foi tirado, estes muito freqüentemente têm suas orações atendidas. Eles descobrem que têm mais força e mais coragem do que jamais pensaram ter. Onde a conseguem? Penso que suas orações ajudaram-nos a descobrir aquela força. Suas orações ajudaram-nos a trazer à tona aquelas reservas de fé e coragem que antes não lhes estavam disponíveis.

“Se Deus não pode acabar com minha doença, para que serve Ele? Quem precisa dEle?” Deus não deseja que você esteja doente ou aleijado. Ele não lhe causou este problema e não deseja que você continue assim, mas Ele não pode afastá-lo. Seria pedir algo que é difícil até para Deus. Para que serve Ele, então? Deus faz com que pessoas se tornem médicos e enfermeiras para prestar auxílio e dar alívio. Deus ajuda-nos a ser corajosos mesmo quando estamos doentes e amedrontados e nos dá a certeza de que não enfrentamos nossos medos e nossas dores sozinhos.
A explicação convencional, segundo a qual Deus nos manda o fardo porque sabe que somos fortes o suficiente para suportá-lo, é totalmente incorreta. O destino, não Deus, nos envia o problema. Quando estamos às voltas com ele, descobrimos que não somos fortes. Somos fracos; sentimo-nos cansados, irados, sobrecarregados. Começamos a nos questionar o que fazer ao longo dos anos. E quando atingimos os limites de nossa força e coragem, algo inesperado nos acontece. Encontramos reforço vindo de uma fonte que fica fora de nós. E conscientes de que não estamos sós, de que Deus está ao nosso lado, conseguimos ir em frente.


Eu creio em Deus. Mas não creio nas mesmas coisas a respeito dEle em que acreditava há alguns anos, quando eu estava crescendo ou quando era estudante de teologia. Reconheço Suas limitações. Ele é limitado no que pode fazer pelas leis da natureza e pela evolução da natureza e da liberdade moral humanas. Não mais considero Deus o responsável por doenças, acidentes e desastres naturais, porque percebo que ganho pouco e perco muito quando incrimino a Deus por semelhantes coisas. Posso mais facilmente cultuar um Deus que odeia o sofrimento, mas não pode eliminá-lo, do que cultuar um Deus que opta por fazer as crianças sofrerem e morrerem, qualquer que seja a razão dada.

Deus não causa as nossas desgraças. Algumas são causadas por má sorte, outras vêm de gente perversa e outras ainda são simplesmente a conseqüência inevitável do fato de sermos seres humanos e mortais, vivendo em um mundo de leis naturais inflexíveis. As coisas dolorosas que nos afligem não são punição por nosso mau comportamento nem, de qualquer forma, fazem parte de um grande desígnio de Deus. Como a tragédia não decorre da vontade de Deus, não precisamos sentir-nos magoados ou traídos por Deus quando a tragédia nos golpeia. É possível ir a Ele em busca de auxílio para superá-la precisamente porque podemos dizer que Deus está tão ofendido quanto nós.


Seja-me permitido sugerir que os males que surgem em nossas vidas não contêm nenhum significado especial. Não acontecem por nenhuma boa razão que nos faça aceitá-los de boa vontade. Mas podemos dar a eles um sentido. Podemos redimir essas tragédias da falta de sentido impondo-lhes um sentido. A questão que devemos propor não é “Por que isto me aconteceu? Que fiz eu para merecer isto?” Esta é uma questão realmente irrespondível, sem graça. Uma pergunta mais interessante seria: “Agora que isto me aconteceu, que vou fazer?”


Que diferença faz Deus em nossas vidas, se Ele nem mata nem cura? Deus inspira as pessoas a ajudarem outras que foram feridas pela vida e, ao ajudá-las, elas as protegem do perigo de se sentirem sós, abandonadas ou julgadas.

Deus, que não causa nem elimina as tragédias, ajuda inspirando as pessoas a ajudarem. Como um rabino hasídico do século XIX certa vez observou, “os seres humanos são a linguagem de Deus”.


Você é capaz de perdoar e aceitar com amor um mundo que o decepcionou por não ser perfeito, um mundo em que existe tanta iniqüidade e crueldade, doença e crime, terremoto e acidente? Pode você perdoar-lhe as imperfeições e amá-lo por conter grande beleza e bondade e por ser o único mundo que nós temos?
Você é capaz de perdoar e amar as pessoas que lhe estão ao redor, mesmo quando elas o ferem e derrubam por não ser perfeito? Acaso pode perdoá-las e amá-las simplesmente porque ninguém é perfeito e porque a penalidade por não ser capaz de amar pessoas imperfeitas é condenar-se à solidão?
Você é capaz de perdoar e amar a Deus mesmo quando descobre que Ele não é perfeito, mesmo quando o magoou e desapontou permitindo a má sorte, a doença e a crueldade em Seu mundo, e permitindo que algumas dessas coisas o atingissem? Porventura pode aprender a amá-Lo e perdoá-Lo, não obstante suas limitações, como Jó fez e como você certa vez aprendeu a perdoar e amar a seus pais depois de perceber que eles não eram tão sábios, tão fortes e tão perfeitos como você precisava que eles fossem?
E se você puder fazer tudo isto, poderá ainda reconhecer que a capacidade de perdoar e a capacidade de amar são as armas com que Deus nos dotou para viver com plenitude, coragem e sentido neste mundo menos-que-perfeito?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Quando Deus me estende as mãos...



Quando as dores pesam em meu penar, os tropeços me fazem chorar, eu não te vejo, não me entrego ao teu olhar. Mas, mais tarde a tristeza e a dor, insurportáveis me levam a buscar o teu amor. E é nele que encontro explicação para tudo o que penso ser um não. Senhor, quando me estendes a mão, sei que sou amado no teu coração. Senhor quando eu fraquejar não te importes logo vou olhar, tua luz, meu Jesus, ilumina minha vida. E essa lida de penar, nada é para quem em ti tem fé. Mil perdões eu te peço, mil razões ofereces para que eu viva em ti, alivia minha dor, eu não sou um sofredor, porém sem ti eu nada sou. Que eu suporte os obstáculos e aumente a minha crença. Se sou forte, mais serei com tua presença.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Carta aos Pais





Também sou pai e portanto compreendo. Vocês querem o melhor para o filho, para a filha. A melhor escola, os melhores professores, os melhores colegas.Vocês querem que filhos e filhas fiquem bem preparados para a vida. A vida é dura e só sobrevivem os mais aptos. É preciso ter uma boa educação.Compreendo, portanto, que vocês tenham torcido o nariz ao saber que a escola ia adotar uma política estranha: colocar crianças deficientes nas mesmas classes das crianças normais. Os seus narizes torcidos disseram o seguinte:Não gostamos. Não deveria ser assim! O problema começa com o fato de as crianças deficientes serem fisicamente diferentes das outras, chegando mesmo, por vezes, a ter umaaparência esquisita. E isso cria, de saída, um mal-estar... digamos... estético. Vê-las não é uma experiência agradável. É preciso se acostumar... Para complicar há o fato de as criançasdeficientes serem mais lerdas: elas aprendem devagar. As professoras vão ser forçadas a diminuir o ritmo do programa para que elas não fiquem para trás. E isso, evidentemente, traráprejuízos para nossos filhos e filhas, normais, bonitos, inteligentes. É preciso ser realista; a escola é uma maratona para se passar no vestibular. É para isso que elas existem. Quem ficapara trás não entra... O certo mesmo seria ter escolas especializadas, separadas, onde os deficientes aprenderiam o que podem aprender, sem atrapalhar os outros.Se é assim que vocês pensam eu lhes digo: Tratem de mudar sua maneira de pensar rapidamente porque, caso contrário, vocês irão colher frutos muito amargos no futuro. Porque,quer vocês queiram quer não, o tempo se encarregará de fazê-los deficientes.É possível que na sua casa, num lugar de destaque, em meio às peças de decoração, esteja um exemplar das Escrituras Sagradas. Via de regra a Bíblia está lá por superstição. As pessoasacreditam que Deus vai proteger. Se assim fosse, melhor que seguro de vida seria levar uma Bíblia sempre no bolso. Não sei se vocês a lêem. Deveriam. E sugiro um poema sombrio, triste everdadeiro do livro de Eclesiastes. O autor, já velho, aconselha os moços a pensar na velhice.Lembra-te do Criador na tua mocidade, antes que cheguem os dias das dores e se aproximem os anos dos quais dirás: "Não tenho mais alegrias..." Antes que se escureça a luz do sol, da luae das estrelas e voltem as nuvens depois da chuva... Antes que os guardas da casa comecem a tremer e os homens fortes a ficar curvados... Antes que as mós sejam poucas e pararem demoer... Antes que a escuridão envolva os que olham pelas janelas... Antes que as pessoas se levantem com o canto dos pássaros...Antes que cessem todas as canções... Então se terá medo das alturas e se terá medo de andar nos caminhos planos... Quando a amendoeira florescer com suas flores brancas, quando umsimples gafanhoto ficar pesado e as alcaparras não tiverem mais gosto... Antes que se rompa o fio de prata e se despedace a taça de ouro e se quebre o cântaro junto à fonte e se parta aroldana do poço e o pó volte à terra... Brumas, brumas, tudo são brumas... (Eclesiastes 12:1-8)Os semitas eram poetas. Escreviam por meio de metáforas. Metáfora é uma palavra que sugere uma outra. Tudo o que está escrito nesse poema se refere a você, a mim, a todos. Antes que seescureça a luz do sol... Sim, chegará o momento em que os seus olhos não verão como viam na mocidade. Os seus braços ficarão fracos e tremerão no seu corpo curvo. As mós - seus dentes -não mais moerão por serem poucos. E a cama pela manhã, tão gostosa no tempo da mocidade, ficará incômoda. Você se levantará tão cedo quanto os pássaros e terá medo de andar por nãover direito o caminho. É preciso ser prudente porque os velhos caem com facilidade por causa de suas pernas bambas e podem quebrar a cabeça do fêmur. Pode até ser que você venha aprecisar de uma bengala. Por acaso os moinhos pararão de moer? Não, os moinhos não param de moer. Mas você parará de ouvir. Você está surdo. Seu mundo ficará cada vez mais silencioso. E conversar ficará penoso. Você verá que todos estão rindo.Alguém disse uma coisa engraçada. Mas você não ouviu. Você rirá, não por ter achado graça, mas para que os outros não percebam que você está surdo. Você imaginou uma velhice gostosa. E até comprou um sítio com piscina e árvores.Ah! Que coisa boa, os netos todos reunidos no "Sítio do Vovô", nos fins de semana! Esqueça. Os interesses dos netos são outros. Eles não gostam de conviver com deficientes. Eles não aprenderam a conviver com deficientes.Poderiam ter aprendido na escola mas não aprenderam porque houve pais que protestaram contra a presença dos deficientes.A primeira tarefa da educação é ensinar as crianças a serem elas mesmas.Isso é extremamente difícil. Fernando Pessoa diz: Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim.Frequentemente as escolas esmagam os desejos das crianças com os desejos dos outros que lhes são impostos. O programa da escola, aquela série de saberes que as professoras tentamensinar, representa os desejos de um outro, que não a criança. Talvez um burocrata que pouco entende dos desejos das crianças. É preciso que as escolas ensinem as crianças a tomar consciência dos seus sonhos!A segunda tarefa da educação é ensinar a conviver. A vida é convivência com uma fantástica variedade de seres, seres humanos, velhos, adultos, crianças, das mais variadas raças, dasmais variadas culturas, das mais variadas línguas, animais, plantas, estrelas... Conviver é viver bem em meio a essa diversidade. E parte dessa diversidade são as pessoas portadores dealguma deficiência ou diferença. Elas fazem parte do nosso mundo. Elas têm o direito de estar aqui. Elas têm direito à felicidade. Sugiro que vocês leiam um livrinho que escrevi paracrianças, faz muito tempo: Como nasceu a alegria. É sobre uma flor num jardim de flores maravilhosas que, ao desabrochar, teve uma de suas pétalas cortada por um espinho. Se o seufilho ou sua filha não aprender a conviver com a diferença, com os portadores de deficiência, e a ser seus companheiros e amigos, garanto-lhes: eles serão pessoas empobrecidas e vazias desentimentos nobres. Assim, de que vale passar no vestibular? Li, numa cartilha de curso primário, a seguinte estória: Viviam juntos o pai, a mãe, um filho de 5 anos, e o avô, velhinho, vista curta, mãos trêmulas. Às refeições, por causa desuas mãos fracas e trêmulas, ele começou a deixar cair peças de porcelana em que a comida era servida. A mãe ficou muito aborrecida com isso, porque ela gostava muito do seu jogo deporcelana. Assim, discretamente, disse ao marido: Seu pai não está mais em condições de usar pratos de porcelana. Veja quantos ele já quebrou! Isso precisa parar... O marido, triste com acondição do seu pai mas, ao mesmo tempo, sem desejar contrariar a mulher, resolveu tomar uma providência que resolveria a situação. Foi a uma feira de artesanato e comprou uma gamela demadeira e talheres de bambu para substituir a porcelana. Na primeira refeição em que o avô comeu na gamela de madeira com garfo e colher de bambu o netinho estranhou. O pai explicou e omenino se calou. A partir desse dia ele começou a manifestar um interesse por artesanato que não tinha antes.Passava o dia tentando fazer um buraco no meio de uma peça de madeira com um martelo e um formão. O pai, entusiasmado com a revelação da vocação artística do filho, lhe perguntou: O que é que você está fazendo, filhinho?O menino, sem tirar os olhos da madeira, respondeu: Estou fazendo uma gamela para quando você ficar velho...Pois é isso que pode acontecer: se os seus filhos não aprenderem a conviver numa boa com crianças e adolescentes portadores de deficiências eles não saberão conviver com vocês quandovocês ficarem deficientes. Para poupar trabalho ao seu filho ou filha sugiro que visitem uma feira de artesanato. Lá encontrarão maravilhosas peças de madeira...