Foi-se... (K.Kampus)
Foi-se o tempo das descobertas
Havia um tempo de poemas declamados:
A mente tórpida
Subindo às mesas.
Havia um tempo
Onde se ousava viver paixões
Seguir sem porto, livre...
A saudade era só um verso
Escrito a quatro mãos
Havia um tempo
Onde a ilusão de te-los eternamente
Era infinitamente inocente verdade
Hoje a distancia é tanta
Incomensurável velo
Dos sentimentos sem perdão
Onde andarão os trovadores
Daquelas bêbadas madrugadas?
Quem matou nossas Dulcinéias?
Havia sempre um violão e uma rouca voz uníssona
Como ouço as canções em delírios cônscios que me obrigo.
(Havia um tempo de suportar tudo
De tolerar a merda que sempre existe no mundo
Mas jamais fedia como agora toma-nos)
Havia um tempo em que a despedida
Era início d`outro encontro
E meu olhar queimava na fogueira,
A tristeza fúria que me habita.
Vejo o tempo
Como esta lua verde que mingua vazia
Se não fossem as maduras estações corruptas
Irmã de todos os homens mortos egoístas
E a poesia...
A tal virtude dos podres românticos
São cacos, estilhaços de carvão incandescentes.
Rimo somente com um rio sazonal
De um verão causticante e fútil
Deixo as folhas envelhecidas
Encardidas páginas
E um copo de café a mais...Frio e amargo ...momento
Wesley, querido amigo, parabéns pelo poema. Obrigado por autorizar-me a publicá-lo. Um abração.